A Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil, enfrenta sérias acusações de ligação com trabalho escravo. Recentemente, a cooperativa bloqueou cinco cafeicultores após serem flagrados explorando trabalhadores em condições análogas à escravidão durante a colheita deste ano. As denúncias, reveladas por dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) obtidos pela Repórter Brasil, lançam uma sombra sobre a reputação da empresa.
As fiscalizações do MTE revelaram um cenário alarmante: entre as 81 vítimas resgatadas em propriedades ligadas à Cooxupé, estavam uma criança de 12 anos, um adolescente de 16 e um idoso de 72 anos. Os trabalhadores foram submetidos a condições degradantes de trabalho e moradia, além de restrição de locomoção por dívidas ilegais – características que configuram trabalho análogo à escravidão, de acordo com a legislação brasileira.
Apesar de ter registrado um faturamento recorde de R$ 10,7 bilhões em 2024, a Cooxupé é criticada por não garantir condições de trabalho decentes em toda a sua cadeia produtiva. Jorge Ferreira dos Santos, coordenador da Adere-MG, afirma que a cooperativa, “pelo seu porte econômico e sua importância, deveria ser exemplo na garantia de trabalho decente”. Ele ainda complementa que entre 20% e 40% das denúncias de trabalho escravo atendidas pela Adere envolvem produtores da Cooxupé.
Em resposta às acusações, a Cooxupé informou que bloqueia produtores sempre que toma conhecimento oficial de violações trabalhistas. A cooperativa também alega que interrompe o recebimento de café, segrega os lotes suspeitos e os devolve integralmente, além de possuir um programa de orientação sobre direitos humanos. No entanto, os casos concretos revelados pelas fiscalizações do MTE mostram uma realidade bem diferente.
Os casos de exploração são chocantes: em uma fazenda, uma criança de 12 anos foi encontrada trabalhando na colheita, tendo abandonado a escola para acompanhar os pais. Em outra propriedade, trabalhadores foram aliciados com falsas promessas e submetidos a endividamento e condições precárias, como falta de água potável e banheiros. As investigações continuam e a Cooxupé pode enfrentar sérias consequências legais e de imagem.