Unidades de pesquisa enfrentam risco de fechamento devido à falta de recursos financeiros.
A crise orçamentária pode levar ao fechamento de unidades de pesquisa do MCTI, comprometendo diversas ações.
Crise orçamentária afeta unidades de pesquisa do MCTI
As 16 unidades de pesquisa ligadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) enfrentam a possibilidade de fechamento devido a uma crise orçamentária. Algumas dessas instituições já suspenderam suas atividades, desligaram equipamentos essenciais e reduziram suas equipes, conforme alertaram a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
O que está em risco para a pesquisa no Brasil
A paralisação das unidades pode impactar diversas áreas essenciais, como o monitoramento de desastres climáticos e a preservação de acervos científicos. A manutenção de laboratórios e a operação de equipamentos críticos, como relógios atômicos e telescópios internacionais, estão ameaçadas. O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) já relatou bloqueios nas importações devido à falta de recursos, o que compromete a operação da equipe responsável.
Além disso, a dívida acumulada com a fornecedora de energia elétrica Light chegou a R$ 540 mil, e o CBPF teve que reduzir o expediente de seus terceirizados em 25%, além de conceder férias coletivas. O vice-diretor do CBPF, João Paulo Sinnecker, expressou a preocupação com a falta de pagamento das contas de energia, alertando que uma interrupção severa na energia pode danificar equipamentos valiosos, totalizando mais de R$ 100 milhões em investimentos.
Situação das unidades de pesquisa e suas implicações
Dados coletados pelas entidades indicam que a falta de recursos pode levar ao esgotamento total das finanças de algumas unidades já em agosto, e muitas outras enfrentam o mesmo problema nos meses seguintes. A diretora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, Regina Alvalá, comentou que estão sendo feitos ajustes contratuais para minimizar os impactos, mas os alertas continuam sendo emitidos para mais de 1100 municípios prioritários.
A situação orçamentária para 2026 é ainda mais preocupante, com o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) prevendo cortes significativos no orçamento necessário para as operações das unidades. A assessoria do MCTI diz que está ciente das demandas, mas a execução orçamentária atual e futura não parece atender às necessidades emergenciais.
Medidas recomendadas por entidades científicas
Em resposta à crise, a SBPC e a ABC recomendaram a concessão de créditos adicionais e a execução não-contingenciada do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para suporte emergencial. As organizações também solicitaram uma revisão do PLOA e destacaram a importância de um diálogo interministerial para garantir a continuidade das operações.
Perspectivas futuras e o que observar
O aumento orçamentário proposto pelo MCTI para 2026, embora aparente, é insuficiente diante das demandas reais das unidades. A SBPC informa que apenas uma pequena fração das solicitações foi atendida, o que eleva a preocupação sobre a continuidade das pesquisas no Brasil. O cenário é alarmante e requer atenção urgente das autoridades, pois o impacto da falta de financiamento pode afetar não apenas as unidades de pesquisa, mas todo o ecossistema científico do país.