Pesquisa revela a percepção dos brasileiros sobre desigualdade no país

Estudo mostra que 77% dos brasileiros consideram o Brasil um país desigual.

Pesquisa revela que 77% dos brasileiros consideram o Brasil um país desigual, com desigualdades notáveis em raça e gênero.

Uma recente pesquisa do Observatório Fundação Itaú, em colaboração com o Plano CDE e Datafolha, revelou que a percepção sobre desigualdade no Brasil é alarmante. De acordo com o levantamento, 77% dos brasileiros acreditam que o país é profundamente desigual. Essa pesquisa, que entrevistou 2.787 pessoas em todo o território nacional durante o mês de junho, destaca questões de raça e gênero como fatores críticos na percepção de desigualdade.

O que a pesquisa revela sobre a desigualdade racial e de gênero

Os dados mostram que a desigualdade é especialmente notável entre diferentes grupos. Entre os entrevistados, 82% das mulheres percebem a desigualdade de forma mais intensa, assim como pessoas mais velhas e aquelas com menor nível de escolaridade. Em relação ao acesso a oportunidades no mercado de trabalho, 68% dos brasileiros afirmam que pessoas brancas têm vantagens em comparação a pessoas negras. Essa disparidade se amplia em áreas como educação, onde 63% acreditam que a população branca tem mais acesso a boas escolas, e em moradia, com 60% indicando que brancos residem em bairros com melhor infraestrutura.

Além disso, a pesquisa aborda a questão de gênero, revelando que 55% dos entrevistados acreditam que os homens têm mais chances de alcançar bons empregos e salários. Essa visão é particularmente forte entre mulheres (59%), negros (57%) e jovens de 18 a 24 anos (65%).

Desigualdade territorial e o ambiente digital

A pesquisa também discute as desigualdades territoriais, com cerca de 70% dos brasileiros afirmando que moradores de grandes cidades têm mais acesso a serviços essenciais, como empregos de qualidade (77%), atividades culturais (74%) e ensino superior (73%). No entanto, quando se trata do respeito no ambiente digital, apenas 40% dos entrevistados se sentem completamente respeitados, uma taxa inferior a ambientes de trabalho (61%) e religiosos (70%). Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, expressou preocupação com essa situação, ressaltando a crescente relevância do meio digital na vida cotidiana e a necessidade de construir relações respeitosas nesse contexto.

“É preocupante constatar que o ambiente digital é um dos principais cenários onde o desrespeito se manifesta”.

Discriminação e suas raízes

A discriminação é uma realidade para 30% dos brasileiros, que relataram ter enfrentado algum tipo de preconceito. Os motivos mais citados incluem condição social (35%), religião (28%), questões de gênero (25%) e raça (24%). Quando questionados sobre as causas das desigualdades, os entrevistados apontam principalmente a falta de políticas públicas (24%) e a má gestão pública (18%). A impunidade em relação à corrupção também é amplamente reconhecida como um fator que perpetua a desigualdade, com 76% dos entrevistados concordando com essa afirmação. Outros fatores históricos, como o racismo (47%) e o legado da escravidão (44%), também foram mencionados.

O papel da educação na redução da desigualdade

Para muitos brasileiros, a melhoria da educação pública é vista como um passo essencial para criar um país mais justo. Cerca de 30% da população considera o investimento na educação fundamental. Quando interrogados sobre a importância da educação na redução da desigualdade, 79% concordam que ela é vital. Embora os brasileiros reconheçam a cultura como um fator importante, ela não é vista como uma prioridade imediata. Eduardo Saron observa que, embora a cultura seja valorizada, o acesso a ela é percebido como algo que ainda está restrito às classes mais altas.

Ao final, a pesquisa aponta que, embora haja um reconhecimento da importância da cultura, muitos brasileiros ainda não a veem como um direito fundamental. A responsabilidade de transformar essa percepção e garantir o acesso à cultura recai sobre a sociedade civil, o poder público e o terceiro setor.

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