Julgamento de Bolsonaro e generais por tentativa de golpe é divisor de águas para a democracia, avalia cientista política

O julgamento da alegada tentativa de golpe de Estado de 2022, que tem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e membros das Forças Armadas como réus, representa um momento crucial para a democracia brasileira. A avaliação é da cientista política Carolina Botelho, do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia com o Laboratório de Neurociência Afetiva e Social. Para ela, o processo judicial sinaliza uma possível ruptura com a histórica impunidade em casos de ameaça à ordem democrática.

Botelho ressalta que a expectativa da sociedade em relação ao julgamento é alta, marcando o fim de um período de grande tensão. “Estamos falando de um julgamento que, de certa forma, cria uma nova expectativa sobre o futuro do país”, afirmou em entrevista ao *Conexão BdF*, da Rádio Brasil de Fato, destacando a importância de ver um ex-presidente e generais sendo responsabilizados por seus atos.

Ao contrastar o atual processo com o golpe militar de 1964, cujos responsáveis foram anistiados, a cientista política enfatiza que o julgamento segue as regras democráticas. “Vai trazer certo alívio no sentido de colocar pessoas que, historicamente, não são colocadas no banco de réus, num novo momento”, comparou, apontando para a possibilidade de punição tanto para o ex-presidente quanto para os generais envolvidos.

Botelho acredita que o julgamento pode fortalecer as instituições brasileiras e a Constituição de 1988. “Esse é um momento importante para a história política brasileira”, avalia, complementando que o processo contribui para consolidar a democracia, que nos últimos anos, enfrentou diversos ataques. Segundo a cientista, a punição dos envolvidos demonstra que a democracia no Brasil se torna mais forte.

A cientista política também criticou a tentativa de setores da extrema direita de promover a anistia dos envolvidos na tentativa de golpe. Para ela, anistiar os golpistas seria repetir erros do passado. “Dessa vez, quem tentar golpear e tentar solapar com os nossos acordos democráticos vai ser preso”, concluiu, reforçando que o processo judicial terá impacto nas futuras eleições, exigindo que os candidatos demonstrem respeito à democracia.

Fonte: http://www.brasildefato.com.br

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