Expectativas de mercado e fatores que influenciam os preços
A combinação de supersafras no Brasil e EUA sinaliza baixa nos preços da soja e do milho.
A combinação de safras recordes nos Estados Unidos e no Brasil, somada a um real valorizado e a incertezas na demanda chinesa, dá sinais de um ciclo de baixa aos preços das commodities agrícolas, em especial soja e milho. A afirmação é do consultor Agribusiness na FlowInvest, Eduardo Anastácio Jr. Ele aponta que a soja CIF Paranaguá está em torno de R$ 140 por saca, no mesmo nível do ano passado, mas com pressões estruturais.
Contexto das safras e expectativas de preços
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta que a safra 2025/26 da oleaginosa norte-americana será de 116,8 milhões de toneladas, enquanto o milho deve atingir 425 milhões de toneladas. Os estoques finais de milho devem alcançar 53,8 milhões de toneladas, o maior patamar em cinco anos. Com a colheita nos EUA avançando, a demanda deve ser um fator crucial no cenário de preços.
O papel da China no mercado de soja
Tradicionalmente, cerca de três quartos da soja exportada no mundo têm como destino a China. Em 2024, suas importações estão projetadas em 112 milhões de toneladas, caindo para 106,5 milhões de toneladas em 2025, segundo o USDA. A redução do apetite chinês deve-se à diminuição do rebanho suíno e às tensões comerciais com os EUA. Pequim concentrou suas compras no Brasil e Argentina, o que pode levar os EUA a acumular excedentes, pressionando os contratos futuros na Bolsa de Chicago.
Impactos da valorização do real e clima
O milho sofre menos influência direta da China, com importações variando entre quatro e 23 milhões de toneladas. A safra de soja no Brasil deve alcançar 175 milhões de toneladas, frente às 169 milhões do ciclo anterior. O câmbio também é um fator importante, pois a valorização do real impacta a rentabilidade do produtor. O cenário macroeconômico não apresenta sinais de mudanças relevantes, com o governo sem indicar cortes de gastos que poderiam desvalorizar a moeda.
Expectativas para o futuro
No geral, soja e milho enfrentam um cenário de abundância de produção, incerteza na demanda chinesa e moeda doméstica valorizada. A única variável de curto prazo que pode alterar essa equação é o clima. Eventos climáticos adversos poderiam reduzir a produção e sustentar os preços, mas sem problemas climáticos significativos, a expectativa é de pressão contínua no mercado.