Cerrado Ameaçado: Mega-Empreendimento de Gás Acende Alerta para Bioma Vital

No Dia Nacional do Cerrado, um complexo de infraestrutura de combustíveis fósseis surge como uma sombra sobre o bioma. Quatro usinas termelétricas a gás e um gasoduto de 900 km representam uma ameaça crítica, podendo acelerar a destruição de um dos ecossistemas mais importantes e vulneráveis do Brasil. O projeto levanta sérias questões sobre o futuro energético do país e a preservação de um patrimônio natural inestimável.

O Cerrado, apelidado de “a savana mais rica do mundo”, já perdeu 27% de sua vegetação nativa entre 1985 e 2023. Essa devastação, equivalente a 38 milhões de hectares, compromete as nascentes de importantes bacias hidrográficas e afeta a biodiversidade da região, protegida por menos de 3% de unidades de conservação integral. A instalação das usinas e do gasoduto agrava ainda mais essa situação, colocando em risco a sustentabilidade do bioma.

A indústria de combustíveis fósseis planeja a instalação das quatro usinas em Goiás e no Distrito Federal, com o suporte do Gasoduto Brasil-Central (TGBC). As usinas incluem a UTE Brasília (1.470 MW), UTE Bonfinópolis (299 MW), UTE Centro-Oeste (1.250 MW) e UTE Brasil Central (1.250 MW). Juntas, as intervenções cobrirão mais de 2.000 hectares, intensificando a pressão sobre o Cerrado.

O Instituto Arayara expressou preocupação com os impactos cumulativos das usinas, solicitando ao Ibama uma avaliação integrada das emissões, estimadas em mais de 12,5 milhões de toneladas de CO₂e por ano. Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora executiva da Arayara, destaca a necessidade de uma análise rigorosa dos riscos, considerando os efeitos regionais combinados dos empreendimentos. Até o momento, não houve resposta oficial ao pedido do instituto.

Paralelamente, o Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) 2026, que prevê a contratação de geração térmica a gás natural, carvão e hidráulica, intensifica as apreensões. Em maio de 2025, um boletim energético da Arayara revelou que 67% dos projetos cadastrados são usinas termelétricas a gás, totalizando 61,6 GW de potência, evidenciando o aumento do uso de combustíveis fósseis no país.

O projeto, impulsionado por um “jabuti” legislativo na privatização da Eletrobras em 2021, que previu a contratação de 2.500 MW de geração térmica a gás no Centro-Oeste, sinaliza uma mudança estrutural no modelo energético brasileiro. Como alertam os especialistas, é crucial que o Ibama avalie os riscos de forma integrada e que a sociedade acompanhe os desdobramentos do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) de 2026.

Fonte: http://www.brasildefato.com.br

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