Kenneth Rogoff fala sobre Donald Trump e a economia global

Entrevista com o ex-economista-chefe do FMI

Kenneth Rogoff, ex-economista-chefe do FMI, analisa a relação entre Trump e a economia global.

Kenneth Rogoff, professor de Harvard e ex-economista-chefe do FMI, analisa a relação entre Donald Trump e a economia global. Ele afirma que não há paz possível com Trump e que a melhor estratégia é um enfrentamento direto. Segundo Rogoff, o mundo deve se preparar para um novo choque financeiro, que pode ocorrer nos próximos cinco anos, e alerta sobre o declínio do dólar como moeda de reserva global.

A postura de Trump e suas consequências

Rogoff acredita que a interferência de Trump na política brasileira deve ser vista com cautela. Ele destaca que o Brasil tem capacidade de resolver seus próprios problemas e que a ceder a Trump resultará em mais exigências. “Ele quer usar as tarifas como instrumento de poder pessoal”, afirma. Para Rogoff, o governo brasileiro deve manter uma postura firme, já que concessões apenas intensificariam as pressões.

Impacto das tarifas americanas sobre o Brasil

O ex-economista-chefe do FMI analisa que a economia brasileira é relativamente fechada, onde as exportações para os Estados Unidos representam apenas 2% do PIB. Ele acredita que o impacto das tarifas será limitado, visto que o Brasil não é tão vulnerável quanto outros países. Rogoff observa que essa situação pode ser vantajosa diante do confronto com Trump.

Previsões para a economia dos EUA

Rogoff critica as previsões otimistas do FMI sobre o crescimento da economia americana, que estima 1,9% para este ano e 2% em 2026. Ele acredita que os efeitos das tarifas estão apenas começando a se manifestar e que um crescimento mais realista seria de 1,5% em 2025. “O risco de uma desaceleração mais acentuada é alto”, afirma.

A vulnerabilidade do sistema monetário

O economista também alerta que a independência do Fed está ameaçada sob a administração de Trump. Ele vê uma tendência de concentração de poder no Executivo, o que pode afetar a confiança global no sistema americano. Rogoff destaca que a dívida pública dos Estados Unidos chegou a níveis insustentáveis e que a próxima crise financeira pode ocorrer em um cenário de inflação ou repressão financeira.

O futuro do dólar

Rogoff observa que o dólar começou a perder influência global em 2015 e que sua participação nas reservas mundiais pode cair nos próximos anos. Ele atribui essa tendência ao uso agressivo da moeda por parte dos EUA, que gera desconfiança entre outras nações. Trump, segundo Rogoff, intensifica essa desconfiança e acelera a procura por alternativas ao dólar.

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