A exportação de material genético bovino do Brasil para a Índia está crescendo rapidamente, marcando um movimento inesperado: o zebu brasileiro retornando ao seu país de origem. O país asiático, maior produtor mundial de leite, tem buscado a genética brasileira para melhorar a produtividade do seu rebanho.
Exportação em alta
Em 2024, a Alta Genetics Brasil exportou 40 mil doses de sêmen para a Índia, e a Geneal Genética e Biologia Animal fará sua primeira exportação de embriões neste ano. Esse crescimento demonstra o reconhecimento internacional da melhoria genética do zebu brasileiro.
De acordo com Raquel Dal Secco Borges, da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), os indianos perceberam o avanço do zebu no Brasil e agora querem utilizar essa genética para elevar a produtividade de seu rebanho leiteiro.
Os números refletem esse avanço:
✅ Exportações de sêmen para a Índia aumentaram 16 vezes, chegando a US$ 618,9 mil em 2024.
✅ O Brasil exportou 1.450 kg de material genético, um crescimento de 30% em relação a 2023.
✅ A Índia passou da 16ª posição para a liderança entre os importadores de genética bovina brasileira.
Expansão global e desafios
Além da Índia, países como Paquistão, Senegal e Nigéria estão importando gado vivo e sêmen para desenvolver a genética leiteira. O Brasil também mira a abertura de mercados no México, África do Sul e Austrália.
Segundo Flávia Roseane Paschoal, da Alta Genetics, a Índia é um mercado exigente, mas altamente interessado na genética brasileira. A empresa já fez quatro exportações para o país e negocia novos embarques de sêmen e embriões.
A produção brasileira de sêmen também cresceu: foram 20,5 milhões de doses em 2024, um aumento de 6% em relação a 2023. No entanto, o Brasil ainda importa mais sêmen do que exporta, com 5,7 milhões de doses importadas no último ano.
Reconhecimento global à vista
Para acelerar a abertura de novos mercados, o Brasil aguarda o reconhecimento internacional como território livre de febre aftosa sem vacinação, que deve ser votado em maio, em Paris, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Se aprovado, isso pode destravar negócios com Japão e Coreia do Sul, países estratégicos para a pecuária brasileira.