Febre Oropouche Alastra-se pelo Brasil: Emergência Sanitária Amplia-se Além da Amazônia

A febre Oropouche, antes concentrada na região amazônica, expandiu-se drasticamente pelo Brasil, transformando-se em um crescente problema de saúde pública. O Espírito Santo, distante quase 3 mil km da Amazônia, lidera o número de casos, com mais de 6 mil registros. Cientistas e autoridades de saúde buscam compreender a disseminação da doença em uma população sem imunidade prévia.

Neste ano, a infecção já foi confirmada em 18 estados e no Distrito Federal, totalizando mais de 11 mil casos e cinco óbitos. Os números semanais de 2024 têm superado os do ano anterior, com a expectativa de que o total de casos ultrapasse os 13 mil registrados em 2023. O número de mortes já é maior do que no ano anterior, demonstrando a gravidade da situação.

A febre Oropouche é causada por um vírus transmitido pelo mosquito Culicoides paraensis, popularmente conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, presente em todo o país. Os sintomas são semelhantes aos de outras arboviroses, como dengue e chikungunya, incluindo febre, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações. A similaridade dos sintomas dificulta o diagnóstico.

A infecção por Oropouche também pode apresentar riscos para gestantes, elevando a preocupação com possíveis complicações na gravidez, como microcefalia, malformações e óbito fetal. “O Ministério da Saúde recomenda que as gestantes que vivem em áreas com registros da doença reforcem a proteção contra os mosquitos”, alerta um comunicado oficial. Além disso, o uso de preservativos durante as relações sexuais é recomendado como medida preventiva.

Estudos genéticos indicam que os casos no Brasil são causados por uma nova linhagem do vírus, originada no Amazonas e disseminada a partir de áreas de desmatamento. Felipe Naveca, do Instituto Oswaldo Cruz, explica: “áreas de desmatamento recente serviram como pontos cruciais para dispersão desse vírus”. A presença do mosquito em todo o país, combinada com a necessidade de ambientes úmidos para sua reprodução, favorece a ocorrência de surtos em áreas periurbanas e de transição entre ambientes rurais e de mata.

Mudanças ambientais e eventos climáticos extremos, como secas e cheias, também influenciam a proliferação da doença, alterando o ecossistema e afetando tanto a população do vetor quanto os animais que o mosquito se alimenta. Um estudo internacional recente apontou que as variáveis climáticas contribuem com 60% para a disseminação da Oropouche, indicando que eventos como o El Niño podem ter desempenhado um papel crucial nos surtos recentes.

Diante do cenário, o Ministério da Saúde intensificou o monitoramento dos casos e tem colaborado com estados e municípios para orientar sobre a notificação, investigação e encerramento dos casos suspeitos. Em parceria com a Fiocruz e a Embrapa, a pasta também realiza estudos sobre o uso de inseticidas para o controle do vetor, buscando estratégias eficazes para enfrentar a doença e reduzir seu impacto na população.

O Espírito Santo, estado com mais casos, enfrenta o desafio de controlar a doença em um ambiente propício à reprodução do maruim. Segundo Orlei Cardoso, subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, “boa parte dos municípios capixabas têm características periurbanas, com muitas áreas de plantação, o que facilita a reprodução do maruim”. A circulação de trabalhadores rurais durante a colheita também contribui para a transmissão do vírus. A secretaria reforça o treinamento dos profissionais de saúde para o reconhecimento e tratamento da doença.

No Nordeste, o Ceará também enfrenta um aumento nos casos, principalmente em áreas de plantio. Antonio Lima Neto, Secretário Executivo de Vigilância em Saúde do estado, destaca que “o controle vetorial de um mosquito domiciliado, ele tem um fundamento central, que é a eliminação de criadores”. O estado investe em ações de manejo clínico e vigilância laboratorial, especialmente em gestantes, após registrar casos de óbito fetal relacionados à infecção por Oropouche.

Fonte: http://www.metropoles.com

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