Wagner de Campos Rosário, indicado pelo governador Tarcísio de Freitas para o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), será sabatinado pela Assembleia Legislativa (Alesp) nesta terça-feira (2). Sua nomeação ocorre após a antecipação da aposentadoria do conselheiro Antônio Roque Citadini e, dada a base governista na Alesp, sua aprovação é amplamente esperada.
Em 2022, Rosário, então ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), participou de uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro, onde foi discutida a confiabilidade das urnas eletrônicas. A reunião, que foi gravada, tornou-se peça-chave em investigações da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado, chegando a ser utilizada no julgamento de Bolsonaro no STF.
No encontro, Rosário expressou fortes críticas a um relatório da CGU que atestava a segurança das urnas. “Eu recebi o relatório da última fiscalização da CGU, e eu não tive coragem de olhar. Estava horrível, uma merda, não falava nada com nada”, afirmou, questionando a metodologia e a complexidade do sistema de votação eletrônico.
Apesar das críticas expressas por Rosário, o próprio relatório da CGU, concluído em dezembro de 2022, não encontrou inconsistências no sistema eletrônico de votação. O documento atestava a segurança das urnas, mesmo reconhecendo a complexidade do código fonte, composto por cerca de 20 milhões de linhas.
Além de sua participação na reunião sobre as urnas, Wagner Rosário também é citado em investigações relacionadas às joias sauditas. Mensagens trocadas com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, indicam que Rosário solicitou documentos relacionados à tentativa de liberação das joias apreendidas no aeroporto de Guarulhos, levantando questionamentos sobre seu envolvimento no caso.
A assessoria de Wagner de Campos Rosário foi procurada para comentar os temas abordados nesta reportagem, mas não houve retorno até o momento da publicação. O espaço permanece aberto para manifestações.
Rosário, de 49 anos, é ex-colega de Tarcísio de Freitas na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Ambos também trabalharam juntos no governo Bolsonaro, ele na CGU, Tarcísio na Infraestrutura. Antes de sua indicação ao TCE-SP, Rosário foi nomeado para a Controladoria-Geral do Estado (CGE) pelo próprio Tarcísio em fevereiro de 2023.