A embaixada da Rússia na Argentina respondeu com ironia às acusações do governo de Javier Milei sobre um possível envolvimento russo no vazamento de áudios comprometedores relacionados a Karina Milei, irmã do presidente e Secretária-Geral da Presidência. O caso, que envolve alegações de corrupção, desencadeou uma investigação federal após denúncia do governo sobre uma suposta espionagem ilegal com influência estrangeira.
O governo Milei, sem apresentar provas concretas, aponta para Rússia e Venezuela como os possíveis responsáveis. A administração alega que Caracas está em conflito com a Argentina e que agentes russos estariam atuando no país. A situação eleva a tensão diplomática em meio a um escândalo político interno de grande repercussão.
Em nota oficial, a embaixada russa lamentou o envolvimento do país em mais um escândalo político interno argentino. “Lamentamos informar que, no contexto de mais um escândalo político interno de grande repercussão, nosso país esteja sendo novamente mencionado de forma negativa”, diz o comunicado.
A embaixada também rejeitou categoricamente as acusações, classificando-as como infundadas e falsas. “Rejeitamos categoricamente essas acusações, considerando-as infundadas e falsas. O desejo de ver ‘espiões russos’ em cada esquina é irracional e destrutivo”, afirmou a representação diplomática russa, reforçando o compromisso com uma cooperação equitativa e respeitosa com a Argentina.
A Justiça argentina ordenou a suspensão da divulgação de áudios de Karina Milei, classificados pelo governo como obtidos ilegalmente. A medida foi uma resposta a um pedido do Executivo, que alega que Karina Milei foi gravada ilegalmente na Casa Rosada. O conteúdo integral das gravações, com duração estimada de 50 minutos, permanece desconhecido do público.
O escândalo ganhou notoriedade após a divulgação de áudios nos quais Diego Spagnuolo, então titular da agência de Deficiência (Andis), afirma que Karina Milei recebia 3% das compras de medicamentos para deficientes. Spagnuolo alega ter informado Javier Milei sobre o suposto esquema, o que gerou uma denúncia judicial e mandados de busca e apreensão.
O caso surge em um momento delicado para o governo Milei, a poucos dias das eleições legislativas em Buenos Aires. O pleito, considerado um termômetro para as eleições de outubro, pode impactar os planos do presidente de obter maioria no Congresso argentino.