Grupo político quer resolver a questão da anistia e evitar que o ex-presidente Jair Bolsonaro continue a barganhar apoio.
Centrão tenta convencer o presidente do Senado a pautar anistia para condenados por crimes políticos, focando em Jair Bolsonaro.
Uma ala do Centrão está em uma ofensiva para persuadir Davi Alcolumbre, presidente do Senado, a pautar a anistia para condenados por crimes políticos, especialmente aqueles relacionados aos eventos de 8 de janeiro. Caciques desse grupo político pretendem se encontrar com Alcolumbre nos próximos dias para discutir a necessidade de superar essa questão de uma vez por todas, mesmo que isso signifique rejeitar a proposta que favorece o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O Centrão defende a ideia de que, ao resolver a questão por meio da votação, poderá encerrar as especulações em torno da anistia, evitando que Bolsonaro e sua família continuem a usar essa proposta como moeda de troca para apoio nas eleições de 2026. Alcolumbre, no entanto, já sinalizou que não está disposto a pautar uma versão da anistia que beneficie Bolsonaro, pois teme que isso provoque uma crise entre os Poderes, especialmente com o Supremo Tribunal Federal (STF).
O que está em jogo para o Centrão e Alcolumbre
Até o momento, o PL de Bolsonaro afirma contar com o apoio de partidos como União Brasil, Republicanos e PP. No entanto, apenas no PP há um consenso significativo em torno da proposta que beneficia o ex-presidente. Em outras legendas, há divisões, e muitos preferem uma versão que não envolva a anistia para aqueles que supostamente tentaram um golpe de Estado.
Os caciques do Centrão acreditam que, se Alcolumbre pautar uma versão mais leve da anistia, o presidente da Câmara, Hugo Motta, também poderá apoiar a proposta. Motta já se reuniu com o líder do PL na Câmara para discutir o assunto e indicou que está disposto a analisar a proposta após o julgamento de Bolsonaro no STF.
“Não pautarei qualquer versão do texto enquanto o caso estiver sob análise na Corte” — afirmou Motta a aliados.
O STF deve continuar a análise da denúncia de tentativa de golpe de Estado, que envolve Bolsonaro e seus aliados, até a próxima terça-feira. Motta aguarda o desfecho desse julgamento para tomar qualquer decisão sobre a anistia.
As diferentes versões da proposta de anistia
Duas versões da proposta de anistia estão sendo discutidas no Congresso. A primeira, defendida pelo PL e por uma parte do Centrão, visa beneficiar todos os condenados por crimes relacionados à tentativa de golpe, incluindo Bolsonaro. Esta alternativa enfrenta resistência considerável entre os parlamentares.
Por outro lado, a versão mais consensual, que tem o apoio de Alcolumbre e de uma ala do Centrão mais alinhada ao governo Lula, propõe uma anistia mais restrita, que reduziria penas apenas para aqueles que não tiveram papel central na organização do golpe. Essa versão parece ter mais chances de ser aprovada no Congresso.
O que acompanhar nas próximas semanas
O desfecho das discussões sobre a anistia será crucial para o cenário político. Com a proximidade das eleições de 2026, o papel de Bolsonaro e sua influência nas articulações políticas continuarão a ser temas centrais. O posicionamento de Alcolumbre e Motta em relação a essa questão poderá moldar as alianças políticas e a dinâmica do Congresso nos meses seguintes.
À medida que o STF avança em seus julgamentos, os desdobramentos em torno da anistia poderão impactar significativamente o ambiente político, influenciando tanto as estratégias eleitorais quanto a estabilidade das relações entre os Poderes.