Trânsito de São Paulo registra lentidão recorde e se aproxima de níveis pré-pandemia

A média de lentidão na capital paulista é a maior desde 2019, com congestionamentos frequentes.

A lentidão no trânsito da cidade de São Paulo se aproxima dos níveis de congestionamento de 2019.

O trânsito de São Paulo enfrenta uma situação alarmante, com a lentidão se aproximando dos níveis registrados em 2019, o que levanta preocupações entre motoristas e autoridades. A média diária de lentidão na capital paulista atingiu 421 km em agosto, um número que representa o maior índice do ano e o mais alto desde antes da pandemia. Essa situação reflete um aumento significativo na frota de veículos e mudanças nos hábitos de mobilidade.

Cenário atual do trânsito na cidade

De acordo com dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a média de lentidão nos primeiros meses de 2025 foi de 364 km, a mais alta desde 2019. O índice de agosto alcançou 89% do que era registrado antes da pandemia. Essas estatísticas indicam que o trânsito em São Paulo está se tornando cada vez mais problemático, especialmente com a aproximação dos congestionamentos típicos de fim de ano.

A CET atribui o aumento da lentidão a uma combinação de fatores. As condições climáticas adversas, o crescimento da frota de veículos e a redução do home office são algumas das razões citadas. Além disso, a empresa destacou que, em agosto, houve dez dias em que a lentidão superou os 1.000 km. O pico foi registrado em 7 de agosto, com 1.335 km de congestionamento, um recorde desde que a CET começou a considerar 20 mil km de ruas e avenidas no cálculo em março de 2023.

O impacto das mudanças nos hábitos de mobilidade

Os especialistas têm observado que, ao contrário de 2019, quando os picos de lentidão eram mais concentrados em horários específicos, a situação atual apresenta uma distribuição mais uniforme ao longo do dia. Isso se deve à flexibilidade de horários de trabalho que emergiu após a pandemia. Segundo Sergio Ejzenberg, engenheiro e mestre em transportes pela USP, a cidade pode ultrapassar os índices de 2019, especialmente devido ao aumento na frota de veículos, que passou de 8,5 milhões em 2019 para quase 10 milhões em julho de 2023.

A queda na qualidade do transporte público tem contribuído para que mais pessoas optem por veículos particulares. Dados apontam um aumento nas queixas sobre o sistema de ônibus, o que agrava ainda mais a situação do trânsito. Para Ejzenberg, é fundamental aprimorar as formas de medição do trânsito, não apenas em termos de lentidão, mas também em relação ao tempo de viagem.

Próximos passos para melhorar a mobilidade

A CET está implementando ações contínuas de engenharia de tráfego e fiscalização, além de integrar esforços com outros órgãos da prefeitura para planejar melhorias no sistema viário e no transporte público. A gestão atual afirma ter implantado 54 km de faixas exclusivas para ônibus entre 2021 e 2024 e destaca projetos em andamento para corredores de BRT e melhorias na infraestrutura de transporte.

Sérgio Avelleda, consultor de mobilidade urbana, argumenta que a pandemia representou uma oportunidade perdida para redesenhar o espaço urbano em favor do transporte público e de ciclovias. Ele ressalta que o uso excessivo de automóveis torna o trânsito insustentável.

A cidade enfrenta um desafio imenso para reverter esse quadro de lentidão e atrair mais usuários ao transporte público, sendo necessário um planejamento eficaz e políticas públicas decisivas. O futuro do trânsito em São Paulo dependerá das ações tomadas agora para promover um sistema de transporte mais eficiente e acessível.

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