Legado do escritor gaúcho é uma reflexão sobre a vida e a morte com humor e ironia.
Luis Fernando Verissimo deixou um legado literário marcado pelo humor e pela ironia, refletindo sobre a vida e a morte.
Luis Fernando Verissimo, um dos mais influentes escritores brasileiros, estreou sua coluna na VEJA em 1982, com uma abordagem humorística e irônica sobre a vida. Ao longo de sua carreira, que se estendeu até sua morte em 30 de agosto de 2025, ele se destacou na crônica, reinventando o gênero com seu estilo inconfundível. Verissimo é conhecido por sua habilidade em abordar temas sérios de forma leve, e sua visão sobre a morte é emblemática de sua obra: “A morte está aí, existe, não há como evitá-la, mas sou contra”.
O legado de Verissimo na literatura
O escritor gaúcho, que faleceu aos 88 anos devido a complicações de saúde, deixou um legado literário incomparável. Com mais de setenta livros publicados e vendas que ultrapassam cinco milhões de cópias, ele criou personagens memoráveis que se tornaram ícones da cultura brasileira. O Analista de Bagé, a Velhinha de Taubaté e o detetive trapalhão Ed Mort são apenas algumas de suas criações que refletem a comédia da vida cotidiana no Brasil.
Verissimo também se destacou nas tirinhas As Cobras, que começaram a ser publicadas no jornal Zero Hora, onde utilizou seus desenhos simples para criticar a ditadura militar e tratar de temas como poder, economia e relações pessoais. A mordacidade e a elegância de sua escrita foram fundamentais para conquistar uma legião de leitores.
A jornada de um escritor que começou tarde
Verissimo começou sua carreira literária aos 33 anos, possivelmente devido ao receio de ser comparado ao pai, o renomado escritor Érico Verissimo. Embora tenha negado ter sofrido de bloqueio criativo, sua longa trajetória na literatura foi marcada por reflexões profundas sobre a vida, a morte e a condição humana. Ele mesmo afirmou em 2003: “Nunca havia pensado em ser escritor… não era uma coisa deliberada”.
O estilo único de Verissimo
O estilo de Luis Fernando Verissimo foi descrito como “inimitável”, um termo frequentemente utilizado por seus colegas. Seu humor, que misturava ironia e crítica social, permitiu que ele traduzisse as nuances da vida privada brasileira em suas crônicas. Para o jornalista Sérgio Augusto, Verissimo encarava seu talento como “um triunfo da técnica sobre a vocação”, o que demonstra sua dedicação à escrita e ao ofício de contar histórias.
O que acompanhar a partir de agora
Com a morte de Luis Fernando Verissimo, o Brasil perde um de seus maiores contadores de histórias. Seu legado, no entanto, permanecerá vivo através de suas obras, que continuam a inspirar novas gerações de escritores e leitores. A literatura brasileira, sem dúvida, foi enriquecida por sua presença, e seu humor e ironia ainda ressoarão por muitos anos. O desafio agora é manter viva a chama do seu estilo único e a crítica mordaz que ele ofereceu ao cotidiano do país.