Julgamento de Bolsonaro tem 1ª fase marcada por defesa de Paulo Sérgio

A defesa do ex-ministro da Defesa destacou o papel de Bolsonaro na tentativa de golpe.

Defesa de Paulo Sérgio se destacou ao indicar ex-presidente como líder da tentativa de golpe.

A primeira fase do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) trouxe à tona a defesa do ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. Durante a sustentação oral, o advogado Andrew Fernandes Faria enfatizou a tese de que Bolsonaro teria atuado de maneira isolada nas tentativas de golpe, buscando dissociar o general de quaisquer ações ligadas ao plano de ruptura institucional.

Papel da defesa na tentativa de golpe

O advogado argumentou que Paulo Sérgio tentou “dissuadir” Bolsonaro de editar um decreto de estado de sítio, considerando essa ação como uma “sandice” e uma “loucura”. Após uma reunião em 7 de dezembro de 2022, que contou com a presença de Bolsonaro e dos comandantes das Forças Armadas, o general saiu preocupado com a influência de grupos radicais sobre o ex-presidente. Para evitar uma escalada de tensões, convocou nova reunião com os comandantes militares em 14 de dezembro de 2022, visando garantir um consenso contrário a medidas de exceção.

“O general Paulo Sérgio estava tentando demover o presidente”, declarou o advogado.

A defesa enfrenta ataques virtuais

A defesa de Paulo Sérgio também mencionou os ataques que o general sofreu por não aderir ao plano de golpe, sendo chamado de “covarde” e acusado de entregar o país ao comunismo. O advogado revelou que Paulo Sérgio chegou a apresentar um discurso a Bolsonaro para desmobilizar seus apoiadores e evitar manifestações em frente aos quartéis. O ex-ministro buscava preservar a disciplina das Forças Armadas e evitar qualquer fissura entre os comandos.

Argumentos da defesa de Bolsonaro

Em paralelo, a defesa de Bolsonaro, liderada pelos advogados Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno, ressaltou que o ex-presidente não atentou contra o Estado democrático de direito e que não existem provas suficientes para sustentá-lo como culpado. Vilardi afirmou que nem mesmo o delator Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, indicou a participação do ex-presidente em atos ilegais.

Os advogados também alegaram que houve um “atraso na disponibilização das provas” coletadas pela Polícia Federal, o que prejudicou a defesa. A falta de tempo para análise de provas e a manutenção de um processo justo foram pontos levantados por eles durante o julgamento. Vilardi destacou que as provas apresentadas eram recortes de mensagens de WhatsApp e documentos apreendidos, mas não estabeleciam relação direta com Bolsonaro.

Questões sobre a delação premiada

A defesa pediu a nulidade da delação de Mauro Cid, argumentando que suas versões mudaram várias vezes ao longo dos depoimentos. Vilardi mencionou uma conversa em que Cid teria falado sobre coação, questionando a voluntariedade de suas declarações. Além disso, o advogado apontou que as minutas de golpe apresentadas pela PF não estabeleciam uma ligação clara com Bolsonaro, e a acusação de tentativa de golpe não poderia ser sustentada, uma vez que o ex-presidente iniciou um processo de transição de governo.

O que esperar nas próximas sessões

O ministro Alexandre de Moraes solicitou que sessões extras fossem agendadas para continuar o julgamento, que pode se estender até o dia 12 de setembro. A análise do caso é complexa, envolvendo acusações graves contra Bolsonaro e outros sete réus, que podem enfrentar penas severas se condenados. O cenário se torna ainda mais delicado, considerando as implicações políticas e sociais que um julgamento dessa magnitude pode acarretar.

As próximas sessões prometem ser cruciais, pois os ministros do STF decidirão sobre a continuidade do processo e os possíveis desdobramentos legais para todos os réus envolvidos. A sociedade e as instituições aguardam com expectativa o desfecho deste importante julgamento.

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