Geração Z revive o rock? Entenda relação entre nativos digitais e o gênero

A busca por autenticidade e a nostalgia impulsionam o consumo de rock entre os jovens.

A Geração Z está redescobrindo o rock, buscando autenticidade e se conectando com a nostalgia do gênero.

Geração Z e o renascimento do rock

A Geração Z está passando por um processo interessante de redescoberta do rock, um gênero que, por muitos anos, ficou em segundo plano em meio ao crescimento de outros estilos musicais. Com o aumento de 9% no consumo de rock em relação ao ano anterior, os jovens nascidos entre 1997 e 2012, conhecidos como nativos digitais, estão se conectando a esse estilo de música de forma intensa. Esse fenômeno é impulsionado por uma busca por autenticidade, como observa a antropóloga Valéria Brandini, que afirma que a Geração Z vê no rock uma identidade mais autêntica e rebelde.

O impacto das redes sociais no consumo musical

A transformação na forma como a música é consumida impacta diretamente a relação da Geração Z com o rock. As redes sociais, especialmente plataformas como TikTok, têm desempenhado um papel crucial nesse cenário. Com um aumento de 23% nas publicações relacionadas à hashtag #rock, os jovens estão expostos a trechos de músicas que despertam seu interesse. “Hoje em dia, a forma como os jovens estão acessando, principalmente, o new metal é conhecer um pedacinho da música pelo TikTok”, explica Brandini, ressaltando a fragmentação do consumo musical.

Nostalgia e a redescoberta de clássicos

Ao mesmo tempo, a nostalgia se torna um fator importante nesse renascimento do rock. Pesquisas indicam que os nativos digitais buscam por músicas que remetem a épocas passadas, muitas vezes deixando de lado as novas bandas. Brandini observa que essa conexão com o passado é uma tentativa de encontrar um equilíbrio psicológico em tempos de incertezas. Essa preferência por músicas antigas, em detrimento de bandas contemporâneas, mostra como a Geração Z está moldando sua relação com o gênero.

A presença reduzida de bandas no cenário atual

Apesar do crescimento do interesse pelo rock, o gênero ainda não é o favorito entre os jovens, que tendem a se inclinar para estilos como trap e sertanejo. Emely Jensen, da agência Bananas Music, destaca que, mesmo com o aumento na popularidade do rock, ele permanece em segundo plano. A escassez de artistas internacionais e a diminuição de bandas de rock nos festivais refletem essa tendência. O Rock in Rio, por exemplo, viu uma drástica redução na participação de artistas de rock ao longo dos anos, levantando questões sobre a viabilidade do gênero nos grandes palcos.

O futuro do rock e o papel das festivais

Eventos como o festival The Town oferecem uma oportunidade para que a Geração Z tenha contato com o rock e outros gêneros. Valéria ressalta que a experiência do festival, onde o público se reúne para vivenciar a música, pode criar novos fãs, mesmo que a quantidade de bandas de rock tenha diminuído. “O pessoal não precisa gostar de uma música ou de uma banda em especial. Eles vão porque vão curtir com a turma e ter a experiência do festival”, afirma.

O que se observa é um paradoxo: enquanto a Geração Z busca autenticidade e conexão com o rock, o cenário atual apresenta desafios para a continuidade do gênero, especialmente em grandes festivais. As mudanças nas dinâmicas de banda, onde os músicos frequentemente se separam para seguir carreiras solo, também impactam a forma como os jovens se relacionam com essas formações.

A tendência é que a Geração Z continue a reviver o rock nos próximos anos, impulsionada pela busca por autenticidade e pela nostalgia. No entanto, o futuro do gênero dependerá de como as bandas e festivais se adaptam a essas novas realidades e experiências musicais que os jovens valorizarão.

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