Queda de 4% em relação ao ano anterior é atribuída a condições climáticas adversas.
O valor bruto da produção agropecuária da região alcançou R$ 7,4 bilhões em 2024, com queda de 4% em relação ao ano anterior.
Valor bruto da produção agropecuária
O valor bruto da produção agropecuária (VBP) da região totalizou R$ 7,4 bilhões em 2024, conforme relatório publicado pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab). Essa cifra representa uma queda de 4% em relação ao VBP de 2023, que foi de R$ 7,7 bilhões. A redução é atribuída a condições climáticas adversas que afetaram a produtividade das lavouras.
Principais municípios e seus desempenhos
Apucarana destaca-se com o maior VBP individual, alcançando R$ 752,5 milhões, impulsionado principalmente pela avicultura de corte. O município registrou um faturamento de R$ 322,3 milhões com o abate de 22,2 milhões de aves. A soja também é um produto relevante na localidade, com produção de 78,7 mil toneladas, gerando R$ 154,8 milhões. Outros produtos como milho e café somaram R$ 68 milhões e R$ 49 milhões, respectivamente, com um crescimento de 2% em comparação ao ano anterior.
Marilândia do Sul, por sua vez, movimentou R$ 646,9 milhões, com destaque para a soja, que gerou R$ 155,2 milhões a partir da colheita de 78,2 mil toneladas. A cenoura, cultivada em grande quantidade na região, trouxe mais de R$ 120 milhões aos agricultores, embora o VBP tenha apresentado uma queda de 7% em relação ao ano passado.
Arapongas ocupa a terceira posição com um VBP de R$ 584,5 milhões, onde os ovos para consumo lideram as vendas, totalizando R$ 160,5 milhões. A soja e o frango de corte também contribuíram significativamente, mas a cidade viu uma diminuição de 7,9% em seu VBP em relação ao ano anterior.
Mudanças no cenário agropecuário
O relatório destacou que 17 municípios da região experimentaram queda no valor da produção, enquanto 11 registraram aumento. A maior redução foi em Kaloré, que passou de R$ 215,6 milhões para R$ 160,4 milhões, uma queda de 26%. Por outro lado, Rosário do Ivaí obteve o maior aumento percentual, subindo de R$ 142,1 milhões para R$ 199,2 milhões, uma alta de 40%.
Adriano Nunomura, técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), aponta que as condições climáticas extremas em 2024 foram a principal razão para a redução no VBP. Ele explica que, enquanto 2023 teve condições favoráveis que resultaram em altos rendimentos para culturas como soja e milho, o calor e a seca no ano atual afetaram negativamente cultivos de inverno, incluindo trigo e hortaliças. “A falta de chuvas foi um fator decisivo para a redução da produção no campo em 2024”, avalia Nunomura.
Impacto nos preços das commodities
Os preços médios das commodities também apresentaram queda em 2024. A soja, que é uma das principais culturas da região, viu seu preço médio cair de R$ 134 em 2023 para R$ 118 em 2024. Essa redução teve um impacto significativo no VBP, dada a relevância da soja na economia local.
Para o futuro, as expectativas são de um aumento no rendimento geral das culturas de verão. Apesar das geadas que afetaram as plantações no inverno, as lavouras que não foram prejudicadas devem compensar os danos, mantendo a produção em níveis razoáveis, segundo especialistas.
O papel do agronegócio na economia
O economista Paulo Cruz, professor da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), ressalta a importância do agronegócio na economia regional. Ele enfatiza que, mesmo com a queda de 4% no VBP, o setor continua a ser fundamental para a segurança alimentar, o equilíbrio da balança de pagamentos e a geração de empregos. “O agronegócio é fundamental por várias razões. Ele não só garante a segurança alimentar, como também contribui para o equilíbrio da balança de pagamentos por meio das exportações”, afirma o professor.
Cruz comenta ainda sobre um novo plano do governo que visa auxiliar micro, pequenos e médios produtores a renegociar dívidas e obter recursos para compensar perdas. O plano oferece crédito com um ano de carência e nove anos para pagamento, permitindo um planejamento mais sustentável e contribuindo para a estabilidade dos preços dos alimentos.