Th Joias usava franquia de loja do Flamengo para pagar policial corrupto, diz PF

Ex-deputado é acusado de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.

Th Joias e sua esposa são investigados por movimentações financeiras suspeitas em diversas empresas.

Th Joias e as investigações da Polícia Federal

As recentes investigações da Polícia Federal (PF) revelam um complexo esquema de corrupção envolvendo o ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como Th Joias, que foi detido na quarta-feira (3). Juntamente com sua esposa, Jessica de Oliveira Lima, ele é proprietário de várias empresas, incluindo uma franquia de uma loja do Flamengo, que, segundo a PF, foi utilizada para efetuar pagamentos a um policial corrupto e a um suspeito de lavagem de dinheiro.

A franquia, situada em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, é apenas uma das oito empresas sob a gestão do casal. Entre as outras, há um açougue localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro. O sócio de Th Joias na loja, Hugo Santana da Silva, foi nomeado assessor no gabinete do ex-parlamentar logo após sua posse, em junho do ano passado, permanecendo no cargo por um curto período de dois meses.

O que foi revelado nas investigações

De acordo com o inquérito da PF, o policial militar Rodrigo da Costa Oliveira recebeu R$ 31,2 mil diretamente da loja. Este PM, conhecido por sua ligação com o tráfico, atuava como responsável pela segurança de Gabriel Dias de Oliveira, um traficante que foi preso. Além disso, o policial também foi encarregado da contratação de outros policiais que trabalhavam para o grupo criminoso.

As investigações apontam ainda que houve um repasse de R$ 60 mil para Tharcio Nascimento Salgado, identificado como suspeito de lavar dinheiro proveniente do tráfico da favela de Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. A análise da movimentação financeira da franquia indicou que os valores depositados, que ultrapassam R$ 515 mil em seis meses, são incompatíveis com o volume de vendas registrado pela loja.

“O envolvimento de TH com o crime organizado não surpreendeu”, afirmou o secretário de Polícia do RJ.

Na decisão que determinou a prisão de Th Joias e outras 17 pessoas na operação Zargun, o desembargador Macario Ramos Judice Neto também suspendeu as atividades das empresas do grupo, incluindo a franquia da loja do Flamengo. Ao todo, foram sequestrados mais de R$ 40 milhões do grupo, que é investigado por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro.

O papel de TH Joias no crime organizado

As apurações indicam que Th Joias foi um intermediário em negócios ilícitos, como a venda de dois fuzis por R$ 120 mil a traficantes. Além disso, ele é acusado de contrabando de equipamentos como bazucas antidrones, que são utilizados para anular a ação da polícia em operações em comunidades dominadas por facções criminosas.

Desde 2021, Th Joias movimentava quantias significativas em dinheiro, tanto em reais quanto em dólares. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e da Polícia Federal estimam que o grupo do ex-deputado movimentou cerca de R$ 140 milhões nos últimos cinco anos. Essa situação levanta preocupações sobre a extensão das atividades criminosas e a corrupção dentro das instituições de segurança pública.

O que acompanhar a partir de agora

A continuidade das investigações da PF deve esclarecer ainda mais a relação entre Th Joias e as organizações criminosas no estado do Rio de Janeiro. O desdobramento desta operação pode levar a novas prisões e revelar outros envolvidos no esquema. O cenário é preocupante, pois mostra a complexa teia de corrupção que permeia a segurança pública e a política, exigindo um acompanhamento atento das ações das autoridades e da resposta do sistema judiciário.

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