Pesquisa da USP revela efeitos negativos do consumo regular de adoçantes
Estudo revela que consumo regular de adoçantes artificiais pode acelerar o declínio cognitivo.
Um estudo recente realizado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) sugere que o consumo regular de adoçantes artificiais, como aspartame e sacarina, pode acelerar o declínio cognitivo. A pesquisa, publicada na revista Neurology, acompanhou mais de 12.000 indivíduos ao longo de 8 anos, revelando que aqueles que consumiam as maiores quantidades diárias de adoçantes apresentaram um declínio cognitivo 62% mais rápido do que aqueles que ingeriam menores quantidades.
Resultados da pesquisa sobre adoçantes e cognição
Os dados utilizados na pesquisa foram extraídos do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa Brasil), que analisa a saúde de indivíduos com mais de 35 anos. As avaliações periódicas permitiram observar mudanças em variáveis específicas. A professora Claudia Kimie Suemoto, uma das autoras do estudo, mencionou que sua motivação pessoal para investigar a relação entre adoçantes e o declínio cognitivo surgiu de seu próprio consumo de adoçantes em bebidas e alimentos.
Os resultados mostraram que, entre os adoçantes avaliados, apenas a tagatose não apresentou associação com o declínio cognitivo. O estudo não incluiu o consumo de sucralose, que também é popular entre os consumidores. Suemoto ressaltou a importância de repensar o uso regular de adoçantes artificiais, embora enfatize que mais evidências são necessárias antes de implementar mudanças nas políticas de saúde pública, como a adição de informações sobre os riscos na embalagem dos produtos.
Efeitos do consumo de adoçantes na saúde
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia alertado em 2023 sobre os potenciais efeitos indesejáveis do uso de adoçantes em dietas. O relatório da OMS destaca riscos como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos. Claudia Suemoto fez uma observação importante, afirmando que pessoas com diabetes, que frequentemente utilizam adoçantes, já estão em risco de declínio cognitivo, o que torna a questão ainda mais complexa.
A Abiad (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres) manifestou interesse nos resultados do estudo, acompanhando de perto as repercussões sobre a saúde pública e a indústria de alimentos. Esta associação representa o setor de adoçantes no Brasil e está atenta às descobertas científicas que podem influenciar o consumo e a regulamentação de adoçantes.
Com base nos dados coletados e nas análises realizadas, a pesquisa traz à tona a necessidade de mais estudos sobre o impacto do consumo de adoçantes na saúde cognitiva da população. Os pesquisadores destacam que a relação entre adoçantes e função cognitiva deve ser explorada mais profundamente, buscando entender as implicações a longo prazo do consumo desses produtos.
O debate sobre a segurança dos adoçantes artificiais e seus possíveis efeitos adversos na saúde mental e física da população é um tema que merece atenção contínua. À medida que mais pesquisas forem realizadas, será fundamental acompanhar de perto as orientações das autoridades de saúde e as recomendações para o consumo desses produtos. A saúde pública depende de informações precisas e atualizadas para garantir o bem-estar da população.