O partido do presidente argentino, Javier Milei, sofreu um revés eleitoral significativo neste domingo (7), perdendo a disputa na crucial província de Buenos Aires para a coalizão peronista Força Pátria. A votação, vista como um importante termômetro para as eleições legislativas de outubro, ocorreu em um momento de crescente instabilidade política e econômica, marcado por um escândalo de corrupção envolvendo a irmã do presidente e índices de aprovação em queda.
A coalizão Força Pátria, representante do peronismo de centro-esquerda, obteve uma vitória expressiva, conquistando aproximadamente 47% dos votos, enquanto o partido governista A Liberdade Avança (LLA) alcançou 33,8%, com 94% das urnas apuradas. A província de Buenos Aires, um reduto tradicional do peronismo liderado pelo governador Axel Kicillof, detém um peso econômico e eleitoral considerável, representando mais de 30% do PIB argentino e cerca de 40% do eleitorado nacional. A eleição definiu a renovação de assentos no Senado e na Câmara dos Deputados da legislatura provincial.
Diante da derrota, Milei minimizou o impacto do resultado, afirmando que não haverá mudanças na condução de seu governo. “Hoje tivemos uma clara derrota. Mas não se retrocede nem um milímetro na política de governo. O rumo não apenas se confirma, mas vamos aprofundar e acelerar mais”, declarou o presidente a partir da sede de seu partido em La Plata.
Em contrapartida, o governador Axel Kicillof celebrou a vitória com seus apoiadores, que o aclamavam como futuro presidente. Kicillof aproveitou o momento para criticar a política de austeridade de Milei, que tem gerado um aumento da pobreza no país: “Milei, o povo te deu uma ordem, não pode governar para os de fora, para as corporações, para aqueles que têm mais. Governe para o povo.”
A eleição foi realizada em meio a denúncias de corrupção envolvendo Karina Milei, irmã do presidente e Secretária da Presidência. Áudios divulgados pela imprensa argentina revelaram acusações de recebimento de propina em compras de medicamentos para deficientes, o que gerou forte repercussão e contribuiu para a queda na popularidade do governo. Enquanto Karina Milei não se manifestou sobre o assunto, Javier Milei negou as acusações, prometendo levar o caso à Justiça.