
Brasil estagnado: 29% da população não compreende frases simples
Três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais. Ou seja, não sabem ler e escrever ou possuem conhecimentos tão limitados que não conseguem interpretar frases simples, identificar números de telefone ou entender preços.
O dado vem do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado nesta segunda-feira (5/5), e acende um alerta sobre a urgência de políticas públicas eficazes para combater essa desigualdade histórica.
Jovens estão lendo menos e entendendo pior
Entre os jovens, a situação também piorou. Em 2018, 14% dos brasileiros de 15 a 29 anos eram considerados analfabetos funcionais. Agora, em 2024, o índice subiu para 16%.
Os pesquisadores associam o retrocesso à pandemia, período em que milhões de estudantes ficaram sem acesso a aulas presenciais, especialmente os mais pobres.
Teste revela realidade preocupante
O Inaf classifica os brasileiros em cinco níveis de alfabetismo, com base em um teste aplicado a 2.554 pessoas de todas as regiões do país. A amostra tem margem de erro entre 2 e 3 pontos percentuais.
• Analfabeto e rudimentar: formam o grupo dos analfabetos funcionais (29%).
• Elementar: compreende 36% da população, com leitura limitada e dificuldades em operações matemáticas básicas.
• Intermediário e proficiente: formam o grupo com alfabetismo consolidado (35%), mas apenas 10% estão no nível mais alto.
Nem o diploma salva
Um dado surpreendente: 12% das pessoas com ensino superior ou mais são analfabetas funcionais. Por outro lado, 61% desse grupo atingem os níveis consolidados de alfabetização.
Mesmo no mercado de trabalho, o problema é visível:
• 27% dos trabalhadores são analfabetos funcionais.
• 34% têm alfabetismo elementar.
• Apenas 40% apresentam alfabetismo consolidado.
Desigualdades raciais e sociais escancaradas
O Inaf também escancara as desigualdades raciais:
• Brancos: 28% analfabetos funcionais e 41% com alfabetismo consolidado.
• Negros: 30% e 31%, respectivamente.
• Amarelos e indígenas: 47% são analfabetos funcionais, e apenas 19% têm alfabetismo consolidado.
Especialistas pedem políticas públicas urgentes
Para Roberto Catelli, da Ação Educativa, o domínio da leitura e escrita é essencial para a cidadania. “Quando essa população permanece nesse lugar, ela continua excluída e essa exclusão se perpetua ao longo dos anos”, alerta.
Esmeralda Macana, do Observatório Fundação Itaú, reforça que o país precisa acelerar o ritmo das políticas públicas: “Estamos em um ambiente muito mais acelerado, com inteligência artificial e novas tecnologias. Precisamos garantir que crianças e jovens aprendam o que é esperado para cada etapa da educação básica.”
Alfabetismo digital também foi avaliado
Pela primeira vez, o estudo incluiu uma análise sobre alfabetismo no ambiente digital. A ideia é entender como a falta de domínio da leitura e escrita interfere na vida das pessoas em um mundo cada vez mais conectado.
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