Mostra "Re-Selvagem" traz reflexões sobre natureza e arte
A artista Eva Jospin apresenta sua nova exposição em São Paulo, com obras que exploram a relação entre natureza e materiais recicláveis.
Artista Eva Jospin em São Paulo
A artista Eva Jospin apresenta sua nova exposição “Re-Selvagem” na Casa Bradesco, em São Paulo, que ficará em cartaz até dezembro. A mostra é uma reflexão sobre a relação entre arte e natureza, utilizando materiais como papelão e madeira em suas criações. Jospin, que cresceu na França, teve sua primeira experiência significativa com a natureza aos 15 anos, durante uma visita ao rio Negro, que influenciou profundamente sua obra.
A influência da natureza nas obras de Jospin
A artista descreve sua experiência na Amazônia como um momento revelador, onde a imensidão da floresta contrasta com a urbanidade europeia. “Na Europa, tudo ao redor foi transformado pelo homem. Visitar a Amazônia foi como ver um deserto cheio de vida, onde você pode desaparecer”, afirma Jospin. Essa vivência é um dos pilares que sustentam sua estética e suas obras, que são um convite à reflexão sobre a natureza e sua representação na arte.
A exposição “Re-Selvagem” traz instalações que simulam elementos naturais, como galhos e raízes, em diálogo com construções humanas. O curador Marcello Dantas explica que a celulose do papel, extraído das florestas, é reinventada na forma de arte, representando uma segunda vida após o processo industrial. A instalação “Selva”, que já foi destaque na Bienal de Veneza, exemplifica essa abordagem, criando uma floresta feita de papelão corrugado e fibras naturais.
A técnica e a mensagem de Jospin
Eva Jospin utiliza técnicas ancestrais em suas obras, transformando materiais que foram descartados em novas criações artísticas. “Infelizmente, precisamos de uma representação do mundo, seja para interpretar por que chove ou nossos sonhos, e a arte é uma forma de fazer isso”, diz a artista. Suas obras, que incluem passagens labirínticas e árvores retorcidas, falam sobre fantasia, memória e ancestralidade.
Uma das obras mais impressionantes da exposição é “Chambre de Soie”, que foi criada em colaboração com artesãos da Chanakya School of Craft, em Mumbai. Esta instalação, com 3,5 metros de altura e 107 metros de comprimento, foi feita por 300 pessoas e é rica em detalhes, exigindo uma observação atenta para revelar suas sutilezas.
A relação entre arte e sustentabilidade
O trabalho de Jospin reflete a interseção entre arte e questões contemporâneas, como a sustentabilidade e a preservação ambiental. Ela menciona a importância do bordado na cultura indiana, em contraste com a França, onde essa prática tem diminuído. “Na França, já tivemos muito presente o bordado, que depois foi interrompido, mas na Índia ele continua sendo consumido, como tradição sempre viva.”
A exposição também inclui esculturas em papelão que revelam diferentes técnicas, mostrando a paciência e a habilidade necessárias para criar obras que desafiam a percepção do espectador. Jospin reconstrói o material, dialogando com a transformação industrial e o uso que o homem faz da natureza, ressaltando que a arte pode devolver a vitalidade a materiais que foram industrializados.
O que podemos aprender com “Re-Selvagem”
A exposição “Re-Selvagem” é um chamado à reflexão sobre nossa relação com a natureza e os materiais que usamos. Jospin nos lembra que mesmo o que foi domesticado e transformado pode reencontrar sua força e vitalidade através da arte, conduzindo-nos de volta à imensidão que carregamos dentro de nós. Ao visitar a mostra, o público é convidado a explorar a narrativa que une a arte, o meio ambiente e a ancestralidade, refletindo sobre a importância da preservação e do respeito à natureza.