Bactérias associadas a insetos podem ser ferramenta para agricultura sustentável

Pesquisa revela como microrganismos podem aumentar a resistência de plantas contra pragas.

Estudo revela que bactérias associadas a insetos aumentam resistência de milho contra pragas.

Bactérias associadas a insetos e sua importância na agricultura

Estudos recentes indicam que as bactérias associadas a insetos têm um papel significativo na agricultura sustentável, especialmente no que se refere à cultura do milho. A engenheira agrônoma Diandra Achre focou sua pesquisa na lagarta-do-cartucho, uma das principais pragas dessa cultura, e descobriu que as bactérias podem transformar a maneira como as plantas reagem a essas ameaças.

Os insetos, ao se alimentarem de plantas, carregam uma variedade de microrganismos, como bactérias, fungos e vírus. Essas comunidades microbiológicas não apenas afetam o crescimento e a alimentação dos insetos, mas também influenciam a interação deles com as plantas, que frequentemente servem de alimento. Diandra Achre destaca que, ao inocular bactérias específicas nas plantas de milho, observou-se que algumas delas mudavam seu comportamento, passando a beneficiar a planta em vez do inseto.

O impacto das bactérias no crescimento das plantas

Os experimentos revelaram que as bactérias, ao colonizarem os tecidos das plantas, contribuem para um crescimento mais saudável do milho. Elas aumentam a resistência sistêmica das plantas, diminuindo o desenvolvimento da lagarta-do-cartucho e, em alguns casos, levando à mortalidade total das larvas. Isso se deve ao fato de que a planta, ao reconhecer a presença dessas bactérias, se prepara para um ataque, produzindo compostos de defesa que normalmente não estão presentes ou são gerados em baixa quantidade.

“Essas bactérias aumentam a resistência sistêmica da planta, reduzindo o consumo e o desenvolvimento da lagarta-do-cartucho”, ressalta Diandra. Essa resposta mais rápida e eficiente das plantas em relação a pragas pode ter um grande impacto na produtividade agrícola.

Avanços nas pesquisas sobre interações planta-inseto

A engenheira agrônoma não parou na identificação das bactérias; ela também se aprofundou nas mudanças fisiológicas que essas associações promovem nas plantas. Utilizando técnicas avançadas de biologia molecular e química, Diandra e sua equipe analisaram as alterações metabólicas, genéticas e bioquímicas que ocorrem quando as bactérias simbióticas interagem com as plantas. Além de melhorar a resposta às pragas, as pesquisas também buscam entender como essas bactérias podem fortalecer o sistema imunológico das plantas contra doenças como o enfezamento do milho, transmitido pela cigarrinha-do-milho.

O objetivo dessas investigações é explorar como as relações entre plantas, insetos e microrganismos podem ser utilizadas para desenvolver novas tecnologias agrícolas que sejam sustentáveis e aumentem a produtividade. Os resultados até agora são promissores, indicando que o uso de bactérias simbióticas como bioinsumos pode levar a sistemas de cultivo mais resistentes e eficientes.

Perspectivas para a agricultura sustentável

Os impactos práticos da pesquisa vão além dos resultados laboratoriais. A identificação de genes, proteínas e vias metabólicas que são ativadas pela interação com os simbiontes abre portas para o desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas. Isso pode incluir melhorias em programas de melhoramento genético e edição genômica, aplicáveis a várias culturas agrícolas.

Os microrganismos simbióticos não são apenas agentes biológicos funcionais; eles se configuram como ferramentas biotecnológicas de alta precisão. Essa transformação nas estratégias de manejo agrícola promete ampliar as fronteiras da inovação e da sustentabilidade no setor, beneficiando tanto a produção quanto a preservação ambiental.

A continuidade dessas pesquisas é vital para garantir que as práticas agrícolas se tornem cada vez mais sustentáveis e eficazes. A combinação de inovação científica com a necessidade de proteger o meio ambiente é essencial para o futuro da agricultura e a segurança alimentar global.

EM ALTA

MAIS NOTÍCIAS!