A crescente presença de grupos internacionais agrava o cenário do crime organizado no país.
O Brasil enfrenta uma crescente ameaça de facções criminosas internacionais operando em seu território.
A escalada da criminalidade no Brasil não se limita apenas a facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC), mas agora também abrange grupos estrangeiros que veem no país um território fértil para suas operações. Na última semana de agosto, uma das maiores operações contra o crime organizado foi realizada, revelando a complexidade do cenário atual. Com a execução de cerca de 400 mandados de busca, a ação evidenciou a rede que o PCC formou, incluindo negócios legítimos que servem para lavar dinheiro.
O crescimento da presença de organizações internacionais
Estudos recentes indicam que o Brasil abriga 88 facções, com a maioria operando dentro de seus estados. Contudo, a interação com organizações internacionais tem crescido, especialmente no tráfico de drogas. Grupos mafiosos italianos, como a Cosa Nostra e a ‘Ndrangheta, encontram no Brasil um ponto estratégico para suas operações. A presença de líderes destas facções, como Rocco Morabito, evidencia a conexão entre o crime organizado local e internacional. O procurador de Nápoles, Nicola Gratteri, destaca que o Brasil sempre foi visto como um ponto de interesse para as máfias, especialmente pelo Porto de Santos.
Além dos italianos, cartéis mexicanos como o de Sinaloa e Jalisco Nueva Generación também estão ativos no Brasil, focando na lavagem de dinheiro e no tráfico de drogas sintéticas. O aumento da produção de substâncias como anfetamina e fentanil é alarmante e já gera preocupação entre as autoridades. A localização geográfica do Brasil, com fronteiras extensas e vulneráveis, facilita a movimentação desses grupos.
A infiltração de grupos venezuelanos
Outro grupo que tem se destacado é o Tren de Aragua, originário da Venezuela, que se envolveu em atividades como tráfico, extorsão e contrabando. A imigração em massa de venezuelanos para o Brasil, devido à crise humanitária, tem proporcionado um terreno fértil para a expansão dessa facção. A atuação do Tren de Aragua em estados como Roraima e Amazonas já foi identificada pela polícia, que teme a intensificação das atividades criminosas.
Desafios para o governo brasileiro
Diante desse cenário alarmante, o governo brasileiro tenta implementar medidas para conter a crescente influência do crime organizado. A proposta de uma nova legislação antimáfia está em andamento, mas enfrenta resistência interna. A PEC da Segurança Pública, que busca dar mais poderes à União para combater o crime organizado, também está parada.
As operações de busca e apreensão realizadas recentemente na Avenida Faria Lima, em São Paulo, ilustram a seriedade da situação. A investigação sobre a atuação de fintechs na lavagem de dinheiro revela como as facções estão se modernizando e aproveitando brechas legais. A Receita Federal está agora aumentando a fiscalização sobre essas instituições financeiras, que têm sido fundamentais para ocultar a origem do dinheiro ilícito.
O que esperar do futuro
Com a crescente complexidade das operações criminosas, a necessidade de uma resposta coordenada do Estado se torna cada vez mais urgente. A combinação de facções nacionais e internacionais representa um desafio significativo para as autoridades. A situação requer não apenas ações imediatas, mas também uma reavaliação das estratégias de segurança pública no Brasil, levando em consideração a evolução do crime organizado e suas novas formas de operação.
A luta contra o crime organizado no Brasil está longe de ser resolvida, e a necessidade de colaboração entre diferentes órgãos e a sociedade civil é essencial para enfrentar essa crescente ameaça.