O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, elevou o tom em relação à situação na Faixa de Gaza, classificando a crise humanitária como um “crime de guerra” cometido por Israel. A acusação surge em meio a relatos alarmantes de fome generalizada, resultado, segundo ele, da obstrução da entrada de ajuda humanitária essencial para a população palestina.
“O mais intolerável sobre este desastre causado pelo homem é que poderia parar agora mesmo”, declarou Adhanom em uma coletiva de imprensa. Ele enfatizou que “pessoas estão a morrer de fome [em Gaza] enquanto a comida que poderia salvá-las permanece em caminhões a uma curta distância”, denunciando a situação como inaceitável.
Adhanom também utilizou as redes sociais para expressar sua indignação, descrevendo a fome em Gaza como uma “guerra desumana”. Ele cobrou Israel para que cesse imediatamente os ataques, ameaçando apelar aos aliados do país para que influenciem nessa decisão, caso contrário.
A gravidade da situação já vinha sendo documentada por imagens, depoimentos e estatísticas desde o início do conflito, em outubro de 2023. Apesar dos números alarmantes – mais de 370 mortes por fome e um total de 64.231 mortos e 161.583 feridos devido aos ataques israelenses – a ONU declarou estado de fome extrema em algumas áreas de Gaza apenas recentemente.
Em contraste, Israel nega a existência de fome no território palestino e acusa o Hamas de saquear a ajuda humanitária. Contudo, Adhanom reafirmou que “esta é uma catástrofe que Israel poderia ter evitado e impedido a qualquer momento”, ressaltando que “a fome como arma contra civis é um crime de guerra que nunca poderá ser tolerado”.
Enquanto isso, a Freedom Flotilla, com brasileiros a bordo, navega em direção a Gaza para entregar ajuda humanitária. A flotilha, composta por dezenas de embarcações, partiu de portos no Mar Mediterrâneo e tem previsão de chegada a Gaza no dia 13 de setembro.
Paralelamente à crise humanitária, Israel intensificou sua ofensiva militar em Gaza, visando tomar a região central da cidade. Ataques recentes incluem a derrubada de edifícios sob a alegação de que eram usados pelo Hamas. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, chegou a declarar que “os portões do inferno estão se abrindo agora”, em referência aos ataques contra prédios altos na Cidade de Gaza.