País apresentou iniciativa de governança global durante cerimônias dos 80 anos da organização

China propõe reforma da governança global para ampliar a representação do sul global e critica eficácia do sistema multilateral.
A China apresentou uma proposta para ampliar a inclusão do sul global na ONU ao marcar os 80 anos da organização. O documento, divulgado em conjunto com discursos oficiais durante as cerimônias, defende mudanças na representação e na governança de organismos multilaterais, citando deficiências que, segundo o governo chinês, prejudicam a eficácia das decisões globais.
A iniciativa descreve três falhas centrais nas instituições internacionais: representação insuficiente dos países em desenvolvimento, enfraquecimento da autoridade dessas instituições e falta de eficácia na implementação de agendas como a Agenda 2030. A proposta também contém cinco compromissos anunciados como sustentação da nova iniciativa.
Antecedentes da iniciativa chinesa e representação na ONU
A apresentação ocorreu nos 80 anos da ONU, em um momento de maior contestação sobre a composição de órgãos como o Conselho de Segurança. O governo chinês argumenta que o crescimento econômico e político de mercados emergentes não foi acompanhado por uma adequação das estruturas decisórias multilaterais.
Historicamente, reivindicações por maior representação vinham de blocos regionais e países em desenvolvimento, que apontam discrepâncias entre participação populacional e peso político nas instâncias superiores. Neste contexto, a expressão “inclusão do sul global na ONU” é usada pela China para resumir a demanda por mudança no formato de representação.
O que a China propõe sobre inclusão do sul global
A iniciativa identificou três problemas principais e propôs cinco compromissos. Entre as deficiências estão a representação limitada do sul global, a perda de autoridade das instituições e a ineficácia na promoção de objetivos globais. Como resposta, o texto argentino propõe medidas para reforçar a centralidade da ONU e ampliar vozes de países em desenvolvimento.
- Representação: a proposta exige maior participação do sul global nas instâncias de decisão.
- Autoridade institucional: critica práticas que teriam fragilizado o respeito aos princípios da Carta da ONU.
- Eficácia: aponta atrasos em agendas como a Agenda 2030 e propõe mecanismos para acelerar a implementação.
“Permaneceremos firmes na salvaguarda do sistema”
Impactos para países em desenvolvimento e diplomacia multilaterial
A reivindicação por inclusão do sul global na ONU tem implicações práticas para negociações sobre paz, comércio e desenvolvimento. Se capitalizada em fóruns multilaterais, a proposta chinesa pode impulsionar discussões sobre assentos permanentes no Conselho de Segurança, mecanismos de votação e representatividade regional.
Países em desenvolvimento poderiam obter maior influência em decisões sobre sanções, missões de paz e prioridades de desenvolvimento. Para potências já estabelecidas, a mudança representa um desafio às prerrogativas atuais e pode provocar resistências diplomáticas e negociações prolongadas.
Pontos que afetam governos, mercados e organizações regionais
- Maior peso político em votações — por que importa: poderá alterar resultados em resoluções; quem é afetado: estados com representação limitada atualmente.
- Revisão do Conselho de Segurança — por que importa: modificação do formato pode mudar vetos e prioridades; quem é afetado: membros permanentes e aspirantes a assentos permanentes.
- Agenda 2030 e cooperação financeira — por que importa: a priorização de metas pode mudar conforme novos atores; quem é afetado: doadores, beneficiários e instituições de financiamento internacional.
- Percepção de autoridade da ONU — por que importa: menor confiança compromete operações de paz e coordenação; quem é afetado: agências multilaterais e populações em zonas de conflito.
- Relações bilaterais e blocos regionais — por que importa: propostas de reforma podem intensificar alianças e negociações regionais; quem é afetado: blocos como alianças de países em desenvolvimento e economias emergentes.
O que acompanhar a partir de agora em reformas e negociações multilaterais
O impacto real dependerá de como outras capitais reagirão à iniciativa e de que forma o texto será levado a debates formais na ONU. Pontos de atenção incluem propostas concretas sobre a redistribuição de assentos, eventuais cronogramas para revisão de mandatos e a receptividade de membros permanentes do Conselho de Segurança.
Próximos passos que podem alterar o desdobramento: consultas bilaterais, propostas de emendas procedimentais em assembleias e eventuais iniciativas regionais para consolidar apoio. Autoridades e especialistas do setor apontam que qualquer mudança substancial tende a exigir negociações prolongadas e compromissos sobre vetos, quotas e financiamento.
A iniciativa chinesa, ao enfatizar a inclusão do sul global na ONU, reacende debates antigos sobre legitimidade e eficiência das instituições multilaterais. Observadores do setor destacam que o tema pode ganhar tração se se transformar em pauta de grupos regionais e coalizões de países em desenvolvimento. O desfecho dependerá da articulação diplomática nas próximas semanas e meses, e de decisões formais em assembleias e comitês específicos da organização.
O que acompanhar: articulações entre governos emergentes, eventuais propostas de texto formal na assembleia e sinais de concessão por parte de membros permanentes do Conselho de Segurança. Essas movimentações serão os principais indicadores para medir se a proposta se converterá em mudanças práticas na governança global.