Entenda as repercussões da decisão do STF
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro reacende tensões entre Brasil e EUA, com potenciais novas sanções.
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados por crimes como organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito ampliou a tensão diplomática, política e econômica entre Estados Unidos e Brasil.
Com um tarifaço americano de 50% sobre uma série de produtos ainda em vigor e com autoridades brasileiras já punidas, ameaças de novas sanções contra o Brasil ganham força após a decisão do Supremo. Essa pressão é explicitada por meio de numerosas declarações críticas por parte de membros do governo Trump e do próprio presidente dos EUA.
Reações dos EUA e do Brasil
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, se manifestou sobre a condenação de Bolsonaro ainda na quinta (11/9), dia da condenação do ex-presidente. Rubio, que foi o responsável pela suspensão do visto do ministro do STF, Alexandre de Moraes, afirmou que o magistrado é “violador de direitos humanos” e segue realizando “perseguições políticas”. “Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas”, ameaçou o auxiliar de Trump.
O Itamaraty reagiu e rebateu a ameaça. “Continuaremos a defender a soberania do país de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem. Ameaças como a feita hoje pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em manifestação que ataca autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia”, respondeu o Ministério das Relações Exteriores (MRE), em nota postada nas redes sociais.
Intervenções e sanções em discussão
Além da condenação pelo STF, Bolsonaro está inelegível até 2060. A semana teve até mesmo uma espécie de ameaça de intervenção militar do governo norte-americano no Brasil, via declaração da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. Ela disse que os EUA podem intervir usando forças militares, caso necessário. Eduardo Bolsonaro, indiciado pela Polícia Federal (PF), minimizou a possibilidade de uma intervenção norte-americana no Brasil “nesse momento”.
Eduardo comentou que o Brasil pode correr risco de enfrentar sanções e até pressões militares semelhantes às aplicadas contra a Venezuela, se o “regime brasileiro” for consolidado “sem a ampla participação da oposição, regado a censura e prisões políticas.” Ele também acredita que a pressão internacional deve aumentar, esperando que mais sanções sejam aplicadas pelos Estados Unidos contra autoridades da Corte brasileira.
Situação atual das sanções
Atualmente, o Brasil já está sob uma série de sanções aplicadas pelos Estados Unidos. A principal delas é uma tarifa de 50% sobre exportações de produtos brasileiros, imposta desde o final de julho, sob a justificativa de resposta política ao cenário interno. Desde o início de setembro, a medida, entretanto, tem sido enfraquecida, após a retirada da tarifa de 10% sobre celulose e ferro-níquel da lista de produtos tarifados do Brasil. As outras sanções são diretas à figura de Moraes, que é alvo da Lei Magnitsky dos EUA por supostos abusos de direitos humanos, censura e prisões políticas.