Estudo inédito pode abrir novas fronteiras no tratamento do HIV.
Estudo inédito liderado por brasileiros revela novo tratamento do HIV.
Cura do HIV: um novo caminho para o tratamento
Recentemente, um estudo pioneiro coordenado por cientistas brasileiros trouxe novas esperanças para o tratamento do HIV. No Brasil, mais de 800 mil pessoas convivem com o vírus, recebendo tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, a pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) pode sinalizar uma mudança significativa na abordagem terapêutica.
Um dos voluntários do estudo, que optou por não se identificar, ficou conhecido como ‘Paciente de São Paulo’. Ele contraiu HIV em 2012 e, desde então, seguia um coquetel convencional de medicamentos. Em 2016, decidiu participar da pesquisa conduzida pelo infectologista Ricardo Sobhie Diaz. A surpresa veio três anos depois, quando os resultados mostraram que seu organismo não apresentava mais anticorpos do HIV, como se nunca tivesse contraído o vírus.
O tratamento inovador da Unifesp
O tratamento desenvolvido pelos pesquisadores da Unifesp combina o coquetel tradicional com três medicamentos adicionais. Esses fármacos têm a função de atacar e eliminar as células onde o HIV se oculta. Além disso, outros medicamentos são utilizados para ‘acordar’ o vírus adormecido, permitindo que o coquetel convencional o elimine — uma estratégia que os tratamentos atuais não conseguem realizar. Essa abordagem também ajuda a fortalecer o sistema imunológico e a manter o vírus sob controle por períodos prolongados, mesmo sem o uso contínuo da medicação.
Durante um período de 78 semanas, o paciente manteve-se sem anticorpos detectáveis. Outros dois voluntários do estudo também apresentaram controle do vírus, mas por um tempo mais curto. Apesar dos resultados otimistas, os pesquisadores preferem evitar o uso da palavra ‘cura’, optando por termos como ‘remissão’ ou ‘cura funcional’. O doutor Ricardo enfatiza que o caso do paciente de São Paulo vai além do simples controle do HIV.
Publicação e próximos passos do estudo
Os resultados da pesquisa foram divulgados em agosto em uma revista científica de prestígio na área. Ricardo Sobhie Diaz explicou que a próxima fase da pesquisa ainda está sendo planejada, com o objetivo de explorar mais a fundo as aplicações do tratamento.
Além disso, uma nova opção de prevenção contra o HIV já está disponível nas farmácias brasileiras: uma injeção que se mostrou mais eficaz do que os comprimidos convencionais. Embora os comprimidos estejam acessíveis pelo SUS, a injeção, que possui um custo elevado, ainda não foi incorporada ao sistema público. O Ministério da Saúde está atualmente avaliando a inclusão desse novo medicamento no SUS.
Essas novas abordagens podem representar um avanço significativo na luta contra o HIV, proporcionando não apenas tratamentos mais eficazes, mas também novas formas de prevenção. O que se observa é uma crescente esperança no horizonte para os milhões que vivem com o vírus no Brasil e no mundo.