Influenciadores promovem conceitos retrógrados sobre relacionamentos amorosos.
Cursos online para encontrar a alma gêmea promovem ideias antiquadas sobre relacionamentos.
Cursos para encontrar alma gêmea e suas ideias antiquadas
A era digital transformou as relações amorosas, levando-as do contato físico para o ambiente virtual. Essa mudança gerou o surgimento de influenciadores, que se autodenominam cupidos virtuais, e que prometem ajudar as pessoas a encontrar sua alma gêmea através de cursos online. Contudo, ao observar a dinâmica desses cursos, nota-se que muitos deles veiculam mensagens antiquadas e conservadoras sobre relacionamentos.
A popularidade dos cursos online
Nos últimos dias, uma investigação revelou que dez influenciadores nessa área acumulam mais de 6,5 milhões de seguidores. Contudo, a mensagem que eles promovem contrasta com as transformações sociais ocorridas nas últimas décadas. Por exemplo, muitos dos ensinamentos reforçam a ideia de que a mulher deve se submeter ao desejo masculino para conquistar um parceiro. Essa visão retrógrada ignora os avanços em igualdade de gênero e os novos arranjos familiares que vêm ganhando espaço na sociedade.
Conselhos questionáveis sobre relacionamentos
As opiniões expressas por esses influenciadores frequentemente carecem de embasamento teórico e são permeadas por preconceitos. Um exemplo disso é a declaração de Breno Faria, que sugere que mulheres com múltiplos parceiros sexuais são menos desejáveis. Faria, que lidera a página Café com Teu Pai, vende cursos que prometem ensinar as mulheres a se comportar de maneira a serem escolhidas por homens. Ele se defende afirmando que não é machista, mas apenas retrata a realidade atual.
“De tanto aparecer, uma hora a narrativa ganha contornos de verdade”, destaca Edson Prestes, professor do Instituto de Informática da UFRGS.
Influenciadores e suas visões conservadoras
Outros influenciadores defendem que a mulher deve priorizar a família e não contestar as decisões do companheiro. Moacyr Saldanha, por exemplo, é mentor do curso “Como ter uma mulher submissa” e acredita que a submissão é um valor tradicional essencial. A psicoterapeuta Yasmin Fleming, por sua vez, aconselha que as mulheres cedam a última palavra aos maridos para evitar conflitos, o que vai na contramão do movimento feminista contemporâneo.
Críticas à visão retrógrada
Especialistas, como a socióloga Isabelle Anchieta, criticam essas abordagens, argumentando que elas não oferecem soluções reais para as dificuldades enfrentadas pelas mulheres atualmente. A promoção de uma visão frágil do que significa ser mulher, conforme apresentado nesses cursos, não se alinha com as demandas da sociedade moderna.
O que isso significa para a sociedade
Essas ideias antiquadas podem atrair aqueles que se sentem solitários e desejam desesperadamente encontrar um parceiro. No entanto, como o psicanalista Christian Dunker observa, aprender a amar vai muito além de simplesmente investir em cursos. A complexidade das relações humanas não pode ser reduzida a meras platitudes ensinadas em vídeos online.
O aumento da popularidade desses cursos indica uma necessidade de reflexão sobre o que realmente significa amar e se relacionar de maneira saudável na sociedade contemporânea. A busca por um parceiro não deve ser baseada em conceitos antiquados, mas sim em respeito mútuo e compreensão das diversidades nas relações.