Com um perfil de articulador habilidoso e pragmático, o novo presidente do Senado promete manter o diálogo aberto com todas as forças políticas. A eleição de Alcolumbre sinaliza uma nova fase para o Senado, com um presidente que transita entre diferentes espectros políticos e que promete um mandato equilibrado, mas que certamente testará a capacidade de articulação do governo Lula nos próximos anos.
No cargo, Alcolumbre terá de equilibrar as demandas da oposição e do governo. Senadores governistas esperam que ele impeça iniciativas que possam comprometer o equilíbrio fiscal, enquanto oposicionistas aguardam o avanço de projetos como a anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro. O sucessor de Pacheco também deverá administrar as tensões em torno da execução de emendas parlamentares, um tema que recentemente gerou atritos entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
A história política do parlamentar do União demonstra sua capacidade de transitar entre diferentes grupos. Durante seu primeiro mandato como presidente do Senado (2019-2021), consolidou o poder do Congresso sobre o Orçamento, criando condições para a chamada “emenda do relator”, mais tarde conhecida como “Orçamento Secreto”. Agora, ele retorna ao cargo sob um cenário distinto, com maior pressão por transparência e investigações da Polícia Federal sobre a destinação de emendas parlamentares.
A nova configuração política do Senado já dá sinais de que a oposição ganhará mais espaço. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, terá a vice-presidência da Casa e comandará a Comissão de Segurança Pública, que será presidida por Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A medida reflete o compromisso de Alcolumbre com um equilíbrio entre governistas e oposicionistas, mas também impõe desafios à articulação do governo no Congresso.
O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) foi eleito presidente do Senado neste sábado (1º) com 73 votos dos 81 votos, reassumindo o comando da Casa quatro anos após deixar o cargo. O seu novo mandato contemplará o biênio 2025-2027. Eduardo Girão (Novo) e Astronauta Marcos Pontes (PL), adversários do parlamentar do União no pleito, tiveram quatro votos cada um. A vitória de Alcolumbre representa uma mudança significativa na relação com o Palácio do Planalto, já que, diferentemente de seu antecessor, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o novo mandachuva do Senado tem maior proximidade com a oposição, o que pode dificultar a tramitação de pautas de interesse do governo Lula.