Em celebração ao Dia Mundial da Saúde Sexual, especialistas reforçam a importância da educação sexual desde a infância como ferramenta de proteção e desenvolvimento saudável. A psicóloga Ana Luiza Telles, especialista em educação e terapia em sexualidade, destaca que o debate ainda enfrenta tabus no Brasil, especialmente quando se trata da sexualidade infantil.
A psicóloga esclarece que a educação sexual não se resume a ensinar crianças a fazer sexo. “[Ao mencionar] educação em sexualidade, estamos falando, na verdade, do autoconhecimento, do entendimento do próprio corpo, de consentimento. (…) Existe uma dúvida muito comum e um medo muito grande de que falar em educação, em sexualidade, na verdade, é ensinar as crianças a fazer sexo. Mas é muito pelo contrário”, afirma Telles em entrevista à Rádio Brasil de Fato.
Segundo Telles, o acesso à informação contribui para o adiamento do início da vida sexual entre adolescentes e jovens. A falta dela, por outro lado, pode levar a gravidez precoce e situações de abuso. “Para a criança conseguir se proteger nesses casos, ela precisa de informação. E aí entra o papel fundamental de adultos de referência dessa criança, (…) e da escola, para que a escola forneça informações baseadas na ciência”, completa.
A discussão sobre educação sexual ganhou destaque com o Projeto de Lei Felca, que visa combater a exposição sexual de menores nas redes sociais. Telles defende a distinção entre educação sexual e adultização, alertando para o aumento do acesso a conteúdos que exploram o corpo de crianças e adolescentes, enquanto vídeos educativos sobre sexualidade são frequentemente removidos das plataformas.
A especialista também aborda a questão do acompanhamento médico diferenciado entre meninos e meninas, ressaltando que mulheres são mais frequentemente testadas para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Além disso, alerta para os efeitos nocivos do contato precoce com a pornografia, que pode distorcer a percepção da realidade e prejudicar a vivência saudável da sexualidade, diminuindo o prazer sexual a longo prazo.