Entenda a diferença entre tendências, virais e modismos

Uma análise sobre a natureza efêmera e duradoura das modas nas redes sociais

As redes sociais mudam rapidamente, mas nem tudo que faz sucesso é uma tendência. Entenda a diferença entre tendências duradouras e modismos passageiros.

Nem tudo que faz sucesso nas redes sociais é uma tendência. Aliás, atualmente, pouca coisa é. A questão está no termo: tendência que, por definição, deve provocar mudança na sociedade.
“A tendência é algo perene que deixa frutos”, diz Alexandra Silva, cientista de dados da Air, plataforma proprietária de marketing de influência no Brasil. Tendências surgem a partir de tensões políticas, econômicas, sociais ou tecnológicas, de acordo com estudo da Air. São diagnosticadas, não criadas, e deixam marcas duradouras.

O que caracteriza uma tendência?

A entrada de mulheres no mercado de trabalho, os hippies nos anos 1970, as taxas de fertilidade mundiais em declínio e os serviços voltados aos idosos são, ou foram, tendências. Isso porque as mulheres continuam trabalhando, vivemos o resultado da contracultura, a população segue envelhecendo e crescendo pouco.

Diferença entre hypes e modismos

O Labubu virou febre no início do ano. O lucro líquido da chinesa Pop Mart, empresa que produz os bonecos “feios-fofos”, disparou 397% no primeiro semestre, impulsionado por famosos como a rapper Lisa do BlackPink e Rihanna. Apesar do sucesso midiático, nenhum é uma tendência. O mesmo ocorreu com os morangos do amor, cuja caixa chegou a R$ 70 em São Paulo, provocando escassez e criando um novo mercado de atuação, mas que logo foi esquecido.

O papel das redes sociais na viralização

“A tecnologia só amplia a tendência, que começa nos movimentos culturais”, explica Renata Benigna, professora de pós-graduação na ESPM. A popularidade rápida de itens colecionáveis, artigos alimentícios ou assuntos nas redes sociais são, em sua maioria, hypes: fenômenos fugazes que surgem espontaneamente e alcançam muitas pessoas em pouquíssimo tempo. Já o Labubu se encaixa no comportamento coletivo passageiro chamado modismo. As pessoas aderem por imitação ou pertencimento, sem refletir muito sobre a ação.

Influenciadores e o impacto nas tendências

“Os movimentos começam com as pessoas, sempre”, diz Renata. O que vai ditar se viraliza ou não é a presença de influenciadores. Não necessariamente são pessoas com milhões de seguidores, mas internautas que funcionam como pontes de conexão entre grupos, clusters ou bolhas nas redes. Esses usuários oscilam entre grupos muito distintos e podem potencializar esse tipo de conteúdo viral nas redes sociais.
A efemeridade das redes sociais tem um papel muito grande na propagação de certos comportamentos. “São muitos assuntos competindo pela atenção e muitas vezes coisas menos importantes superam as mais importantes”, diz Raquel Recuero, professora de comunicação na UFPEL (Universidade Federal de Pelotas).

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