A gigante americana de equipamentos agrícolas lida com um cenário complicado de preços e demanda.
John Deere, líder em equipamentos agrícolas, enfrenta queda de lucros e mudanças no mercado devido a tarifas e desafios econômicos.
John Deere enfrenta desafios no mercado agrícola
A John Deere, reconhecida como líder em equipamentos agrícolas, está enfrentando um cenário adverso que inclui tarifas elevadas e uma queda na demanda por seus produtos. Nos últimos meses, a empresa viu uma mudança no perfil de seus clientes, que agora buscam tratores usados devido ao aumento significativo nos preços dos modelos novos, que subiram mais de 60% nos últimos oito anos. Isso levou muitos agricultores a reconsiderar suas compras, optando por equipamentos mais acessíveis.
Aumento de preços e queda nas vendas
Os custo dos tratores novos, que podem ultrapassar US$ 250 mil, está diretamente ligado ao impacto das tarifas impostas pelo governo anterior. Josh Enlow, um revendedor de tratores, aponta que a alta dos preços tem incentivado a busca por máquinas usadas, uma tendência que pode afetar diretamente as vendas da John Deere. Recentemente, a empresa reportou uma queda de 29% no lucro líquido em relação ao ano anterior, evidenciando a pressão que as tarifas e a instabilidade do mercado estão exercendo sobre sua operação.
“O aumento dos preços dos novos definitivamente levou as pessoas de volta ao mercado de usados”, afirma Enlow.
Tarifas e demissões impactam a operação
As tarifas sobre aço e alumínio já custaram cerca de US$ 300 milhões à John Deere, e a empresa espera que esse número aumente até o final do ano. Em resposta a essas dificuldades, a companhia demitiu 238 funcionários em fábricas localizadas em Illinois e Iowa. A situação é preocupante, pois a demanda por equipamentos agrícolas está intimamente ligada aos preços das safras. Com a queda nos preços do milho e da soja, muitos agricultores estão optando por manter suas máquinas atuais em vez de comprar novos modelos.
Expectativas para o futuro
A John Deere prevê que as vendas de grandes máquinas agrícolas em 2025 diminuam entre 15% e 20%, uma tendência que pode se prolongar até 2026. O diretor de relações com investidores, Josh Beal, destacou que os clientes operam em um ambiente cada vez mais dinâmico, o que gera cautela nas decisões de compra. Além disso, os agricultores enfrentam novos desafios com a queda na demanda externa, especialmente após as tarifas retaliatórias impostas pela China sobre a soja americana, resultando em uma queda de 51% nas exportações este ano.
O que observar nos próximos meses
Para os agricultores e a indústria agrícola, a expectativa é de que haja uma recuperação gradual a partir de 2026, impulsionada por mudanças na depreciação fiscal. Porém, a incerteza quanto a novas políticas de subsídios e a estabilidade dos preços do aço permanece, o que pode influenciar diretamente no comportamento de compra dos agricultores. Concorrentes da John Deere, como Kubota e Fendt, também devem sentir os efeitos das tarifas, visto que fabricam uma parte significativa de seus equipamentos fora dos EUA.
O futuro próximo traz desafios e oportunidades, e a capacidade da John Deere de se adaptar a esse novo cenário será crucial para sua recuperação e para a saúde do setor agrícola americano.