Presidente busca evitar atritos com o governo americano durante cúpula do Brics.
Lula precisa calibrar discurso para evitar novas sanções dos EUA durante julgamento de Bolsonaro.
Lula deve calibrar discurso em julgamento de Bolsonaro
A expectativa em torno do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) aumenta, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para um momento delicado. Com o julgamento se aproximando de um desfecho, Lula deve ser cauteloso ao abordar o tema, especialmente durante a cúpula virtual do Brics que ocorrerá na próxima segunda-feira, dia 8. O presidente busca evitar atritos com o governo dos Estados Unidos, que podem resultar em novas sanções econômicas.
A relação crítica com os EUA e seus impactos
Recentemente, uma sobretaxa de 50% foi imposta aos produtos brasileiros nos EUA, uma medida que se tornou um ponto de tensão nas relações entre os dois países. Essa tarifa foi anunciada por Donald Trump, que condicionou o fim dos processos contra Bolsonaro a uma melhoria nas relações comerciais. Lula considera essa exigência uma interferência na soberania do Brasil, o que torna ainda mais delicada a situação atual.
O governo brasileiro sente que essa imposição congelou o progresso nas negociações comerciais. Essa percepção surgiu durante conversas entre empresários brasileiros e autoridades americanas que buscavam soluções para melhorar o comércio bilateral. Diante desse quadro, a cúpula do Brics se torna um evento crucial onde o discurso de Lula deve ser calibrado para defender a soberania do Brasil, criticar tarifas de maneira geral e apoiar o multilateralismo.
Expectativas para o julgamento de Bolsonaro
O julgamento de Bolsonaro será retomado na terça-feira, dia 9, com os votos dos ministros da Primeira Turma do STF. Existe uma preocupação crescente entre os membros do governo brasileiro sobre o que pode ocorrer após o veredito. A possibilidade de novas sanções dos EUA se torna mais real, especialmente se Bolsonaro for condenado por tentativa de golpe.
A hipótese mais comentada entre os assessores é que, em caso de condenação, as sanções seriam direcionadas contra autoridades brasileiras, mas sem afetar diretamente as cadeias comerciais. Essa abordagem sugere que o governo americano pode optar por medidas mais restritivas que não impactem o comércio, mas que ainda assim serviriam como um sinal de desaprovação ao governo brasileiro.
O que Lula deve evitar
A estratégia de Lula será evitar um ataque direto a Trump durante a cúpula do Brics, que envolve 21 países emergentes. O presidente deve focar em um discurso que enfatize a importância da soberania e a crítica generalizada ao tarifaço, sem confrontar diretamente o presidente americano. Essa abordagem pode ser crucial para evitar uma escalada nas tensões entre os dois países, especialmente em um momento em que a relação está em um ponto crítico.
É essencial que Lula e sua equipe estejam atentos aos sinais que podem surgir durante o julgamento e a cúpula. O desfecho do julgamento de Bolsonaro pode ter repercussões significativas nas relações entre Brasil e Estados Unidos, e a habilidade de Lula em gerenciar esse diálogo poderá determinar como os dois países avançarão em sua relação comercial e política nos próximos meses.