Apesar da crise econômica e do escândalo de corrupção, o líder argentino mantém apoio considerável.
Milei enfrenta um ambiente econômico tenso e um escândalo de corrupção, mas mantém apoio nas eleições.
Javier Milei, presidente da Argentina, se prepara para a primeira eleição legislativa nacional sob seu comando, marcada para o final de outubro. O contexto é complexo, com uma avaliação pública em queda e um escândalo de corrupção envolvendo sua irmã, Karina Milei, que ocupa um cargo importante na presidência. Apesar deste cenário desafiador, os indicadores mostram que Milei ainda conta com um nível de apoio considerável entre os eleitores.
Cenário político e econômico atual
As recentes oscilações nas taxas de juros e no câmbio, somadas ao crescimento econômico quase nulo nos últimos meses, têm gerado um clima de incerteza. Contudo, a popularidade de Milei, que chegou a 57,2% no início de seu mandato, ainda se mantém em níveis razoáveis, especialmente considerando os 20 meses de austeridade que o país vivenciou. As eleições na província de Buenos Aires, que representa 37% do eleitorado nacional, são vistas como um termômetro crucial para o futuro político de Milei.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Torcuato di Tella revelou que a nota média dada pelos argentinos a Milei em agosto foi de 42,4%. Este índice é inferior ao de seu antecessor, Maurício Macri, mas superior ao do ex-presidente Alberto Fernández. É interessante notar que, mesmo com a queda na aprovação, Milei continua a ser o favorito nas eleições legislativas que se aproximam.
Medidas de austeridade e suas consequências
Desde o início de seu governo, Milei implementou cortes drásticos no gasto público, reduzindo 27% das despesas em termos reais. Para se ter uma ideia, isso equivale a cortar programas sociais significativos, como o Bolsa Família no Brasil. O governo argentino cortou 15% da previdência e 22% dos gastos com funcionários públicos, além de reduzir investimentos e subsídios em diversas áreas. Como resultado, o gasto federal em relação ao PIB caiu para 15,6%, bem abaixo das médias dos governos anteriores.
O governo de Milei também se destaca por ter conseguido um superávit primário em 2024, e espera-se que a mesma tendência se mantenha em 2025. Entretanto, a inflação continua sendo um problema sério, com taxas anuais em torno de 36%. O crescimento do PIB para este ano deve ser em torno de 5%, ajudando a compensar as perdas acumuladas nos últimos anos.
Perspectivas de Milei e o cenário eleitoral
O Banco Central argentino enfrenta desafios significativos, com reservas internacionais negativas e a necessidade de financiamento externo para evitar um calote na dívida. A situação cambial é crítica, com um câmbio supervalorizado, o que pode dificultar a recuperação econômica. Sem um mercado de dívida pública eficiente, o governo enfrenta a possibilidade de dificuldades financeiras.
A combinação de políticas de austeridade e a crescente pobreza resultaram em um quadro político delicado para Milei, que, mesmo assim, mantém uma avaliação razoável. A continuidade de seu governo pode abrir caminho para um modelo político semelhante ao que se observa no Brasil, especialmente se ele conseguir consolidar seu apoio nas próximas eleições.
As próximas semanas serão decisivas, e todos os olhos estarão voltados para os resultados eleitorais que poderão moldar o futuro político da Argentina sob a liderança de Javier Milei.