Moradores do bairro Gralha Azul, em Ponta Grossa, denunciaram a falta de atendimento do Centro de Referência para Animais em Risco (CRAR) a uma cadela comunitária que está há uma semana com ferimentos graves. A equipe da Folha apurou que, apesar dos múltiplos pedidos de ajuda, o órgão municipal não compareceu ao local, deixando o animal em situação de risco.
A cadela, batizada de Capitu, de aproximadamente 3 anos, apresenta um ferimento na orelha. Apesar dos esforços da comunidade em cuidar do ferimento o estado de saúde do animal piorou, e o atendimento veterinário especializado não foi prestado.
Falhas no atendimento
Uma moradora, que auxilia nos cuidados de Capitu, afirmou que o CRAR prometeu comparecer ao local duas vezes, mas não cumpriu o agendamento.
“Foi dito que eles viriam duas vezes e não vieram. Era pra virem hoje pela manhã e não apareceram”, relatou.
Os moradores também tentaram contato com uma vereadora conhecida por atuar na causa animal, mas não obtiveram retorno. Enquanto isso, as orientações repassadas pelo CRAR se limitaram a cuidados paliativos, insuficientes para o quadro grave do animal.
Prefeitura se omite
A Folha tentou contato com o CRAR, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. A ausência de suporte reforça as críticas de moradores sobre o descaso do poder público com os animais em situação de rua.
Enquanto Capitu permanece sem atendimento, a comunidade local segue monitorando seu estado, temendo pelo agravamento do ferimento e risco de morte.
A folha deixa esse espaço de divulgação para quem puder ajudar a Capitu. Entre em contato ou realize sua doação pelo PIX: 42999178560 – Naiana. Em caso de dúvidas entre em contato conosco. ;
Atualização do caso da Capitu: A redação da Folha foi informada que o CRAR realizou o resgate do animal hoje (31/03) pela manhã.
Cenário alarmante na cidade
A crescente população de animais abandonados em Ponta Grossa tem gerado preocupação entre moradores e organizações de proteção animal. Estima-se que cerca de 50 mil animais estejam em situação de rua na cidade, expostos a riscos como fome, doenças e maus-tratos.
Apesar da legislação vigente considerar o abandono de animais um crime, a falta de fiscalização e de políticas eficazes contribui para a permanência desse cenário. Em 2020, a Lei Federal 14.064 aumentou as penalidades para essa prática, podendo resultar em até cinco anos de prisão para os responsáveis.
Desafios enfrentados pelas ONGs
Para tentar amenizar o problema, algumas organizações não governamentais atuam no resgate e cuidado dos animais abandonados. Em Ponta Grossa, quatro ONGs principais trabalham para oferecer abrigo e atendimento veterinário: Canil Lar, Fauna, SOS Bichos e APAPG. Além disso, protetores independentes também desempenham um papel essencial na assistência aos animais.
O trabalho dessas instituições, no entanto, enfrenta diversas dificuldades. A falta de apoio financeiro por parte do poder público é um dos maiores desafios. Muitas ONGs acumulam dívidas em clínicas veterinárias devido ao grande volume de animais resgatados. Além disso, há um desequilíbrio entre a demanda por acolhimento e a capacidade das instituições, já que a quantidade de pedidos de resgate é muito superior aos recursos disponíveis.
Castração insuficiente e falta de conscientização
Uma das soluções apontadas para controlar o crescimento da população de animais de rua é a castração em massa. No entanto, o programa municipal de castração gratuita realizado pelo CRAR atende apenas 300 animais por mês, o que representa um percentual muito pequeno diante dos 50 mil animais sem lar na cidade.
Além da necessidade de ampliar a castração, a falta de conscientização da população também contribui para o agravamento do problema. Muitas pessoas ainda não entendem a importância da adoção responsável e do respeito aos direitos dos animais. Como resultado, casos de abandono continuam ocorrendo de forma recorrente.
Um problema que precisa de solução
O abandono de animais não é apenas uma questão de bem-estar animal, mas também de saúde pública e segurança. A presença de um grande número de animais sem lar impacta diretamente o cotidiano da população e pode gerar problemas como acidentes de trânsito e proliferação de doenças.
Diante desse cenário, a ampliação de políticas públicas e o fortalecimento das ONGs são medidas urgentes para garantir uma solução eficaz para o problema. O apoio da sociedade e do poder público será essencial para transformar essa realidade e garantir uma vida mais digna para os animais abandonados.