Orgulho é o nome mais bonito que a gente deu pra existir

Orgulho. Uma palavra tão curta, tão carregada, tão necessária.

Durante muito tempo, tudo o que disseram pra gente era que o certo era se esconder. Que amar era errado, que vestir era exagero, que beijar era afronta. Nos ensinaram a baixar os olhos, a mudar o tom da voz, a engolir o choro e, acima de tudo, a ter vergonha. Vergonha de existir como somos.

Mas a gente sobreviveu. E um dia, alguém disse: “não é vergonha, é orgulho.” E essa palavra virou abrigo, virou escudo, virou bandeira.

Na última sexta-feira, o mundo lembrou o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. Mas orgulho, pra nós, não é só uma data. É uma cicatriz que virou poema. É um nome novo dado àquilo que por muito tempo chamaram de pecado. É a coragem de existir num mundo que ainda tenta nos apagar.

Muita gente ainda pergunta, com certo desdém ou ingenuidade: “mas por que tanto orgulho?” Como se estivéssemos exibindo uma medalha. Como se fosse vaidade. Mas não é.

Orgulho é o que nasce depois que a vergonha morre. É o que sobra quando já tentaram de tudo pra apagar quem você é, e você continuou sendo. Não se trata de se achar melhor que ninguém. Trata-se de não se sentir pior por ser quem se é.

Ser LGBTQIA+ nunca foi simples. Ainda hoje, não é. É sobre o medo de andar de mãos dadas, o cuidado com o tom de voz, a dúvida entre se assumir ou se proteger.

E mesmo assim, a gente insiste. Ama. Cria. Sorri. Ensina. Trabalha. Cuida. Resiste. Tem coisa mais bonita do que isso?

Antes de virar luta, o orgulho foi abraço. Antes de marchar nas ruas, ele nasceu em lares improvisados, feitos entre amigos que viraram família, entre mães que aprenderam a acolher, entre casais que ousaram sonhar com um futuro possível. O orgulho, no fundo, é uma forma de amar com a cabeça erguida.

É sobre poder dizer “eu te amo” sem olhar pros lados. É sobre escrever cartas, andar de mãos dadas, dividir a vida, sem ter que pedir desculpa por isso.

A gente fala muito da dor, porque ela existe e é real, mas o orgulho também é feito de alegria. De um primeiro beijo escondido no cinema. De um nome escolhido com coragem. De um cabelo colorido que ninguém mais vai mandar cortar. De um corpo que finalmente pode ser chamado de casa.

Talvez um dia o orgulho não precise mais ser dito em voz alta. Talvez um dia ele se transforme em algo discreto, como o afeto de um casal que caminha pela rua sem medo, ou como dois amigos que se amam sem precisar explicar. Mas esse dia ainda não chegou.

Ainda precisamos de orgulho porque ainda há quem morra por ser quem é. Porque o Brasil, mesmo colorido em junho, segue entre os países que mais matam pessoas LGBTQIA+ no mundo. Porque o preconceito ainda se disfarça de piada, de opinião, de “liberdade de expressão”, quando, na verdade, é só violência reciclada.

Ainda precisamos de orgulho porque há jovens se odiando em silêncio. Porque há pais que expulsam. Instituições que ferem. Leis que faltam. E armários que ainda estão trancados por dentro.

O mês termina, mas o orgulho não. Porque ele não é enfeite de vitrine nem filtro de rede social. É memória, é luta, é abraço entre iguais. É a coragem de quem olha no espelho e decide não pedir desculpas.

Orgulho é quando a gente para de se esconder e começa a se reconhecer. É quando a dor vira bandeira, e a bandeira vira caminho. E mesmo que esse caminho ainda tenha pedras, há também passos, mãos dadas e vozes que não se calam mais.

Que junho passe. Mas que o orgulho fique. E que ele siga sendo isso: o nome mais bonito que a gente encontrou pra existir com dignidade, sem medo, sem vergonha e, principalmente, sem voltar atrás.

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