Petra Costa afirma que há um plano de dominação religiosa do Estado brasileiro

A cineasta discute a influência das igrejas evangélicas na política brasileira

Petra Costa, cineasta reconhecida por seu trabalho de documentário, trouxe à tona questões relevantes sobre o papel das igrejas evangélicas na política brasileira. Em suas declarações, a diretora evidenciou a preocupação com o que considera um plano de dominação religiosa do Estado, refletindo sobre a influência crescente desses grupos no cenário político nacional. Atualmente, cerca de 20% dos membros da Câmara dos Deputados são evangélicos, o que, segundo ela, representa um risco para a democracia e para os princípios de liberdade religiosa.

A influência das igrejas evangélicas na política

Costa argumenta que essa influência não é apenas numérica, mas também qualitativa. Muitas dessas lideranças buscam não apenas representar interesses religiosos, mas também almejam um controle significativo sobre as decisões políticas, inclusive no Supremo Tribunal Federal. A cineasta compara essa dinâmica com a experiência americana, onde a combinação de política e religião gerou um governo conservador sob a liderança de Donald Trump, resultando em medidas que afetam a liberdade de diversas minorias.

“A mistura entre religião e política é sempre prejudicial.”

O papel de Silas Malafaia

A cineasta aponta Silas Malafaia, um dos pastores mais influentes do Brasil, como um exemplo claro de como essa relação se manifesta. Segundo Costa, Malafaia é visto como um mentor político, especialmente no que diz respeito ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A escolha de Malafaia como protagonista em seu documentário se deu pela proximidade com o ex-mandatário e pela disposição em compartilhar sua visão de mundo. Isso revela a intersecção entre a fé e o poder, onde a religião se torna uma ferramenta para legitimar ações políticas.

Consequências para a democracia brasileira

Costa levanta um debate importante sobre as consequências dessa dominação religiosa para a democracia brasileira. A cineasta acredita que a união entre as esferas religiosa e política pode corromper a liberdade de crença e fomentar a intolerância. A falta de separação entre Igreja e Estado pode resultar em uma governança teocrática, onde as decisões são guiadas por dogmas religiosos em vez de princípios democráticos.

A presença das igrejas nas comunidades

Além do aspecto político, Petra Costa também observa a presença das igrejas evangélicas nas comunidades, onde muitas vezes preenchem lacunas deixadas pelo Estado. Ela destaca que essas instituições oferecem suporte emocional e econômico aos fiéis, criando um vínculo forte com a sociedade. Essa capilaridade, segundo a cineasta, facilita a integração das igrejas nas comunidades, reforçando um sentido de identidade e pertencimento entre os membros.

Os comentários de Petra Costa geram um debate necessário sobre os desafios enfrentados pela democracia brasileira e a importância de garantir a separação entre Igreja e Estado. As implicações de um cenário onde a religião tem um papel preponderante na política são complexas e exigem uma reflexão crítica sobre o futuro do país e os direitos de todos os seus cidadãos.

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