Polilaminina: esperança de recuperação de movimentos em pacientes com lesão na medula

Tratamento em fase experimental mostra resultados promissores em cães e humanos

A polilaminina, proteína desenvolvida pela UFRJ, pode ajudar na recuperação de movimentos em pacientes com lesão na medula espinhal, mostrando resultados promissores em estudos.

A polilaminina, uma proteína desenvolvida a partir da placenta humana, está trazendo novas esperanças para pacientes com lesões na medula espinhal. Essa condição, que pode resultar na perda parcial ou total dos movimentos, ainda não possui um tratamento eficaz para reverter os danos. A polilaminina, que é uma versão recriada em laboratório da laminina, tem sido estudada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) por mais de 20 anos, e sua aplicação diretamente na lesão visa estimular a regeneração nervosa e a recuperação de movimentos.

Resultados promissores em estudos com cães

Um estudo recente publicado na revista Frontiers in Veterinary Science avaliou a polilaminina em seis cães paraplégicos que não conseguiam andar após cirurgias e meses de fisioterapia. Após a aplicação da substância na medula, quatro dos cães conseguiram voltar a dar passos e melhorar a firmeza da marcha. Esse tratamento se mostrou promissor, uma vez que alguns dos cães estavam sem mobilidade há anos. Apenas um caso de diarreia foi relatado entre os animais, sem ligação comprovada com a aplicação do medicamento.

Testes em humanos e desafios regulatórios

Além dos testes em animais, a polilaminina também foi aplicada em pequenos grupos de pacientes brasileiros em caráter experimental. Alguns voluntários que haviam perdido completamente os movimentos abaixo da lesão relataram recuperação parcial, que variou desde pequenos movimentos até o controle do tronco e passos com auxílio. No entanto, o número de pacientes testados é ainda muito pequeno, com apenas oito voluntários, e os cientistas enfatizam a necessidade de estudos maiores e controlados para validar esses resultados.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não recebeu pedidos de aprovação para uso clínico da polilaminina, e atualmente analisa apenas a proposta de um ensaio clínico regulatório. Para que a polilaminina se torne um tratamento acessível, será necessário concluir estudos pré-clínicos, iniciar ensaios clínicos regulatórios em humanos e solicitar o registro sanitário, um processo que pode levar anos.

O futuro da polilaminina na medicina regenerativa

Os avanços observados em animais e nos primeiros voluntários são promissores, mas até que todas as etapas de pesquisa e validação sejam cumpridas, o tratamento ainda não está disponível. A polilaminina representa uma das pesquisas mais relevantes na busca por soluções para a regeneração da medula espinhal, um campo que ainda enfrenta muitos desafios.

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