Povoado no Pantanal enfrenta traumas de queimadas e busca por água e saneamento

Comunidade do Salobra em Miranda (MS) lida com os efeitos das queimadas e a escassez de água potável.

Moradores do povoado do Salobra enfrentam traumas das queimadas e a falta de água potável.

No povoado do Salobra, localizado em Miranda (MS), os moradores enfrentam os traumas deixados pelas queimadas de 2024, que cercaram a comunidade e causaram um grande impacto na saúde e no abastecimento de água. Durante aquele período, o local ficou envolto em fumaça, com estradas bloqueadas e aulas suspensas. Os residentes relatam que as chamas trouxeram dias de terror, e as consequências ainda são sentidas na vida cotidiana.

Impactos das queimadas e a luta por água potável

Marinalva Oriozola Barbosa, presidente da associação de moradores, expressa seu desespero ao lembrar da experiência traumática. Ela lidera uma mobilização pela melhoria das condições de vida da comunidade, que inclui acesso a água potável e saneamento. Os moradores, como Gilmar Pereira Oriozola, tesoureiro da associação, tentaram combater os incêndios sem os equipamentos adequados, utilizando o próprio rio para apagar as chamas.

A falta de água potável é uma preocupação constante para a comunidade. A água disponível é salobra, o que significa que não é adequada para consumo. O poço semiartesiano que abastece a comunidade está localizado próximo a uma fossa, aumentando o risco de contaminação. Este cenário alarmante foi identificado após a comunidade participar do projeto Águas que Falam, que analisa a qualidade da água nas regiões do Pantanal.

A condição da água e suas consequências

Os moradores do Salobra têm acesso precário a água potável, o que os leva a depender de fontes inseguras. Ariel Gomes, especialista em saneamento, destaca que a poluição da água e o tratamento inadequado do esgoto podem afetar todo o ecossistema local. Essa situação não apenas prejudica a saúde da população, mas também impacta a fauna aquática e, consequentemente, a atividade pesqueira, essencial para a subsistência dos ribeirinhos.

Mobilização da comunidade e ações futuras

Diante da gravidade da situação, a comunidade se uniu para formar uma brigada voluntária em dezembro, com apoio da SOS Pantanal. Essa organização atua na região e busca promover a conscientização sobre a importância da prevenção e proteção dos recursos naturais. Gilmar enfatiza que é imperativo desenvolver estratégias para proteger a população e o meio ambiente, especialmente em tempos de mudanças climáticas severas.

A prefeitura de Miranda se comprometeu a instalar uma Estação de Tratamento de Água na localidade até 2026. Com essa instalação, espera-se que a qualidade da água melhore significativamente, ao mesmo tempo em que a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto será considerada posteriormente.

Os moradores do Salobra, que vivem da pesca e do turismo, têm notado uma diminuição na quantidade de peixes e na visitação de turistas, consequência da degradação ambiental. O Pantanal, segundo dados do Mapbiomas, passou a ser o bioma com a menor superfície de água no país, o que agrava ainda mais a situação.

O desenrolar dessa situação é crucial para a comunidade. Enquanto a mobilização por melhorias na infraestrutura avança, a resiliência dos moradores é um fator determinante para enfrentar os desafios impostos pelas queimadas e a falta de recursos hídricos. O futuro da comunidade do Salobra depende de ações efetivas para garantir água potável e um ambiente saudável para todos.

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