Reeleição na Guiana: Irfaan Ali Garante Segundo Mandato em Meio a Disputas Geopolíticas e Exploração Petrolífera

Irfaan Ali foi reeleito presidente da Guiana, assegurando um segundo mandato com 55,31% dos votos, um total de 242 mil, contra 109 mil de seu principal oponente, Azruddin Mohamed. A vitória do líder do Partido Progressista do Povo/Cívico (PPP/C) mantém o país na rota de rivalidade com a Venezuela e alinhamento com os Estados Unidos, consolidando a Guiana como um ator estratégico no cenário regional.

Durante sua gestão, Ali estreitou os laços com a Casa Branca, transformando a Guiana em um parceiro-chave dos EUA em duas áreas cruciais: economia e defesa. A descoberta de vastas reservas de petróleo em 2015 impulsionou a economia guianense, mas a exploração foi entregue à gigante americana ExxonMobil, através de um acordo considerado amplamente favorável à empresa.

O Acordo do Petróleo (PA), firmado em 2016, permite que a ExxonMobil retenha 85,5% das receitas, enquanto o governo da Guiana fica com apenas 14,5%. A situação é agravada por um artigo que possibilita ao ministro do Petróleo pagar o imposto sobre a renda das empresas, isentando as petroleiras estrangeiras de tal ônus. Essa disparidade foi um tema central na campanha eleitoral, com a oposição defendendo a renegociação dos contratos.

Irfaan Ali, no entanto, se mostrou inflexível quanto a novas condições para a ExxonMobil. “Não precisamos de nenhuma resposta oficial da empresa. Respeitamos a santidade dos contratos. Meu governo está empenhado em garantir que os investidores não abandonem os investimentos no país”, declarou Ali, reiterando o compromisso com os acordos existentes.

A exploração de petróleo e gás, iniciada em 2019, impulsionou um crescimento econômico notável na Guiana. O Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou o país como o de maior expansão econômica em 2024, com um índice de 43,6%. Apesar desse crescimento, críticos argumentam que os benefícios não se distribuem de forma equitativa e poderiam ser melhor aproveitados pelo governo.

Além da questão econômica, a gestão de Ali também se caracterizou por uma crescente aproximação militar com os Estados Unidos. Em 2023, a Guiana integrou o Quadro de Direitos Humanos do Comando Sul dos EUA, um programa de alinhamento estratégico entre as Forças Armadas de diversos países da América do Sul.

Essa parceria resultou em exercícios militares conjuntos, como o Tradewinds, que visam integrar as forças armadas estadunidenses com a Força de Defesa da Guiana (GDF). O Comando Sul também investiu na infraestrutura militar do país, equipando instalações da Guarda Costeira e ampliando o Aeroporto Internacional.

A relação pessoal de Irfaan Ali com a Casa Branca é notória. Ele estudou no Centro William J. Perry de Estudos de Defesa Hemisférica, uma instituição do Departamento de Defesa dos EUA. A aproximação militar, no entanto, tem gerado preocupações na região, especialmente em relação a possíveis bases militares estadunidenses na Guiana.

A Venezuela, em particular, vê com apreensão o alinhamento da Guiana com os EUA, especialmente em meio à disputa pelo território do Essequibo. O governo venezuelano realizou um referendo em 2023 para discutir a incorporação do Essequibo, aumentando a tensão entre os dois países. Após o referendo, Maduro e Irfaan Ali se reuniram para discutir a disputa.

Diante do impasse, os dois países retomaram a disputa jurídica pelo território na Corte Internacional de Justiça (CIJ). Irfaan Ali tem reiterado que não abrirá mão do território e que a questão não está em pauta em seu governo, mantendo a disputa em aberto no cenário internacional.

Nascido em 1980, Irfaan Ali é oriundo de uma comunidade muçulmana e tem ascendência indiana. Com formação em planejamento urbano e estudos no Reino Unido, Ali iniciou sua carreira política como deputado em 2006, ocupando posteriormente cargos de ministro da Habitação e Água, além de secretário-geral do Partido Progressista do Povo (PPP).

Fonte: http://www.brasildefato.com.br

EM ALTA

MAIS NOTÍCIAS!