Somente um em cada quatro palestinos presos é membro do Hamas, revela levantamento

Dados de Israel indicam que a maioria dos detidos são civis.

Somente um em cada quatro palestinos presos é membro do Hamas, revela levantamento
Imagem ilustrativa. Foto: s

Um levantamento revela que a maioria dos palestinos presos em Israel são civis, não membros do Hamas.

Somente um em cada quatro palestinos presos é membro do Hamas

Dados recentes indicam que aproximadamente um em cada quatro palestinos detidos em prisões israelenses tem ligação com o Hamas ou a Jihad Islâmica Palestina. Essa informação foi divulgada por um levantamento baseado em dados militares confidenciais de Israel, conforme relatado pelo jornal britânico The Guardian.

A pesquisa revela que a maioria dos prisioneiros, que incluem profissionais da saúde, professores e até crianças, são civis. Estes indivíduos frequentemente enfrentam longos períodos de detenção sem acusações formais ou julgamentos. O caso de Fahamiya al-Khalidi, uma mulher de 82 anos com Alzheimer, é um exemplo extremo, tendo permanecido presa por seis semanas. Outro relato é o de Abeer Ghaban, uma mãe solo que foi libertada após 53 dias, encontrando seus filhos em situação de vulnerabilidade nas ruas.

Detenções e a realidade dos civis

A realidade é ainda mais alarmante, pois muitos dos detidos são classificados como ‘combatentes ilegais’, mesmo quando suas condições de saúde ou idade não justificam essa rotulação. Um médico que tratou Fahamiya comentou sobre a insensatez desse rótulo, que é frequentemente utilizado pelas forças de segurança israelenses. Embora as autoridades tenham reconhecido que a detenção da idosa foi um erro, ainda assim afirmam que indivíduos com condições médicas podem estar envolvidos em atividades terroristas.

Estatísticas da Inteligência de Israel revelam que há mais de 47 mil pessoas registradas como combatentes do Hamas ou da Jihad Islâmica Palestina. Desde o início do conflito na Faixa de Gaza, em 7 de outubro de 2023, Israel deteve cerca de 6 mil pessoas sob a legislação que permite a detenção de combatentes ilegais. Porém, a falta de um devido processo legal deixa muitos à mercê de uma detenção indefinida, sem previsão de julgamento.

Consequências da legislação sobre combatentes ilegais

A legislação que permite a detenção por tempo indeterminado sem apresentação de provas em tribunal tem gerado preocupação entre defensores dos direitos humanos. O diretor do grupo Adalah, que defende os direitos legais dos palestinos, destacou que a lei é projetada para facilitar a detenção em massa de civis. Essa situação resulta na ausência de proteções legais que normalmente beneficiariam os civis, como o direito a um julgamento justo.

Os prazos de detenção foram ampliados, permitindo que Israel mantenha indivíduos presos por até 180 dias sem acesso a um advogado ou a um juiz. A tensão aumenta com relatos de que nenhum prisioneiro foi julgado desde o início do conflito, levantando preocupações sobre a legitimidade das detenções.

O impacto nas famílias e comunidades

A situação também repercute nas famílias dos detidos. Com a detenção em massa, muitas crianças e familiares enfrentam severas dificuldades, como o relato de Abeer Ghaban, que encontrou seus filhos em situação de rua após sua libertação. A falta de um suporte adequado para as famílias afetadas pela detenção indefinida tem gerado um ciclo contínuo de sofrimento e vulnerabilidade.

As autoridades israelenses afirmam ter libertado mais de 2.000 civis após constatarem que não tinham ligações com o Hamas. Contudo, a narrativa pública frequentemente classifica todos os prisioneiros como ‘terroristas’, uma generalização que contribui para a estigmatização e marginalização da população palestina.

As preocupações sobre as detenções indevidas foram confirmadas, uma vez que muitos dos prisioneiros libertados não apresentavam evidências que justificassem suas prisões. Especialistas em direitos humanos continuam a monitorar a situação, levantando questões sobre a necessidade de mudanças nas políticas de detenção de Israel, especialmente em tempos de conflito, onde a proteção dos civis deve ser uma prioridade.

O que se observa é uma crescente tensão entre a legislação de segurança de Israel e os direitos humanos, um dilema que suscita debates intensos sobre a justiça e a equidade no tratamento de civis em situações de conflito.

EM ALTA

MAIS NOTÍCIAS!