A corte inicia sessões decisivas que podem condenar o ex-presidente.
O STF inicia julgamento que pode condenar Bolsonaro, em meio a tensões políticas com Tarcísio de Freitas.
STF retoma julgamento de Bolsonaro
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (9) as sessões decisivas do julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro. O ambiente é de intensa tensão, em parte devido aos ataques à corte realizados pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, no último domingo (7). O ministro Alexandre de Moraes, responsável por relatar o processo, começará às 9h a leitura de seu voto, que deverá ser minuciosa e rigorosa em relação aos crimes imputados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O foco do julgamento é o núcleo central da tentativa de golpe ocorrido após a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.
O que foi dito durante o ato de Tarcísio
Durante um ato na avenida Paulista, Tarcísio atacou o STF, chamando Moraes de “ditador” e defendendo uma anistia “ampla e irrestrita” aos réus de ações relacionadas aos ataques de 8 de janeiro. Ele afirmou que o STF julga “um crime que não existiu”, gerando descontentamento entre os ministros. Gilmar Mendes, decano da corte, expressou sua indignação, afirmando que o Brasil não suporta mais as tentativas de golpe. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, reafirmou a importância de operar “à luz do dia” e criticou a associação do tribunal a um regime de sombras.
“Crimes contra o Estado Democrático de Direito são insuscetíveis de perdão.”
A relação entre Moraes e Tarcísio, que anteriormente era amistosa, se deteriorou após os ataques diretos do governador. A expectativa é que o voto de Moraes dure todo o dia, e, se não for concluído, ele continuará na quarta-feira (10). Outros ministros da Primeira Turma do STF, como Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, também participarão do julgamento, sendo que o voto de Fux é aguardado com atenção devido à sua postura mais flexível em relação aos réus.
Acusações contra Bolsonaro e outros réus
Além de Bolsonaro, outros sete réus estão envolvidos no caso, incluindo figuras de destaque como Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, e Almir Garnier, ex-comandante da Marinha. As acusações contra Bolsonaro incluem organização criminosa armada e tentativa de golpe de Estado. A defesa de Bolsonaro já buscou desvinculá-lo dos eventos de 8 de janeiro e dos planos de assassinato de autoridades, mas as evidências apresentadas pela PGR são robustas.
O desejo de Moraes é que o julgamento seja concluído ainda nesta semana, e sessões adicionais foram convocadas para garantir que o ritmo das deliberações não seja interrompido. O tribunal se prepara para um debate intenso e significativo sobre a integridade do Estado e as ações de seus representantes.
O cenário político continua em ebulição, e os desdobramentos desse julgamento podem ter implicações profundas para o futuro político do Brasil. Acompanhar a evolução deste caso será crucial para entender as tensões entre os poderes e a saúde da democracia no país.