Demora, falta de soro e 33 paradas cardíacas
Bernardo Gomes de Oliveira, de apenas 6 anos, morreu após levar uma picada de escorpião-amarelo em Cambará, no norte do Paraná. A criança sofreu 33 paradas cardíacas enquanto era transferida entre três hospitais diferentes, enfrentando a ausência do soro necessário para salvar sua vida.
O acidente aconteceu na manhã de domingo (13), quando Bernardo calçava o tênis para visitar a avó. O escorpião estava escondido dentro de um dos calçados. Desesperado de dor, o menino correu até os pais, que o levaram imediatamente ao Hospital Municipal de Cambará, onde não havia soro antiescorpiônico.
De lá, Bernardo foi transferido para a Santa Casa de Jacarezinho. Lá, segundo a direção do hospital, foram aplicadas cinco ampolas do antídoto — dentro do recomendado para casos graves. Ainda assim, a equipe médica tentou obter uma sexta ampola, sem sucesso.
Soro chegou tarde demais
Diante da gravidade, o menino foi levado de helicóptero ao Hospital Universitário (HU) de Londrina. A chegada, segundo os médicos, aconteceu apenas oito horas após a picada. Apesar dos esforços da equipe, Bernardo não resistiu e teve a morte confirmada na manhã de segunda-feira (14), na UTI.
A Secretaria de Estado da Saúde (SESA) abriu investigação. Em nota, afirmou que a 19ª Regional de Saúde — que deveria ter sido acionada para fornecer o soro — não recebeu nenhum pedido por parte do hospital de Cambará nem da Santa Casa.
Bairro novo, infestação silenciosa
A tragédia também acendeu o alerta sobre o bairro onde a criança morava, que possui vários terrenos baldios. A SESA notificou o município para que promova a limpeza imediata dessas áreas, possíveis focos de escorpiões.
Os pais, Bianca e Márcio, vivem agora com a dor da perda e o sentimento de impotência diante da lentidão do sistema. “Ele foi só calçar o tênis. Era um menino feliz, curioso, esperto”, lamentou o pai.
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