Estudo revela impactos positivos do sistema de pagamento instantâneo no setor financeiro
A pesquisa mostra que o uso do Pix aumentou a aceitação de cartões de débito no Brasil.
A implementação do Pix, sistema de pagamento instantâneo, teve um impacto notável na aceitação de cartões de débito no Brasil. Um estudo conduzido em parceria entre o Banco Central e a Florida State University demonstrou que, para cada 1% de aumento no número de usuários do Pix, a aceitação de cartões de débito cresceu em média 1,2%. Esse fenômeno sugere que, em vez de competir, o Pix complementou os métodos tradicionais de pagamento, incentivando o uso de contas bancárias e facilitando novas transações financeiras.
Análise do impacto do Pix no sistema financeiro
Os pesquisadores compararam dados de cidades brasileiras que experimentaram um aumento no uso do Pix após eventos como enchentes, que impulsionaram a adoção do sistema para socorro financeiro, com locais que não passaram por esse aumento. Os resultados apontaram que o Pix não apenas promoveu um aumento na aceitação de cartões, mas também ampliou a movimentação nas contas bancárias. A cada 1% de crescimento no uso do Pix, a movimentação em contas bancárias cresceu em média 0,8%. Isso demonstra um ciclo virtuoso em que a inclusão financeira, especialmente entre a população de baixa renda, se intensificou.
O que o estudo revelou sobre o comportamento do consumidor
O estudo revelou que a taxa de desconto cobrada aos comerciantes para aceitar pagamentos com cartões não diminuiu com a introdução do Pix, reforçando que o novo sistema beneficia tanto os bancos quanto as empresas ao aumentar a aceitação de cartões. A demanda por cartões de débito não apenas se manteve, mas cresceu, desafiando a expectativa de que o Pix diminuiria seu uso. Segundo Matheus Sampaio, professor da Florida State University, a percepção inicial de que o Pix substituiria os cartões foi superada pela realidade de que ele incentivou as pessoas a utilizarem mais suas contas bancárias.
Efeitos da digitalização no setor financeiro
Os dados do Banco Central indicam que, entre o final de 2024 e o início de 2025, as transações via Pix aumentaram em 10.000%. Nesse mesmo período, as transações com cartões de crédito e débito também tiveram um crescimento significativo de 79,7%. Isso reflete uma transformação na forma como os brasileiros lidam com suas finanças, com a digitalização dos serviços financeiros levando a uma redução de 44,3% nos saques. Pequenos comércios, que outrora aceitavam apenas dinheiro, agora aceitam tanto Pix quanto cartões, ampliando suas vendas.
Perspectivas futuras para o uso do cartão de débito
Contudo, a pesquisa também aponta que, após cinco anos do lançamento do Pix, o impacto positivo sobre o uso de cartões de débito parece estar se esgotando. Dados da Abecs indicam que as transações com cartões de débito caíram 0,5% no primeiro semestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior. O especialista Boanerges Freire explica que essa diminuição é resultado da concorrência com o Pix, que agora se posiciona como um rival mais direto ao cartão.
Enquanto isso, as transações com cartões de crédito cresceram 10,4% nos primeiros seis meses de 2025, indicando que o Pix parcelado, previsto para ser lançado pelo Banco Central, poderá criar um novo cenário competitivo. Entretanto, o Pix parcelado envolverá juros, o que deve limitar seu impacto em relação aos cartões de crédito, que ainda oferecem parcelamentos sem juros.
A análise dos dados sugere que, embora o Pix tenha desempenhado um papel crucial na inclusão financeira e na aceitação de cartões, os próximos passos no mercado de pagamentos exigirão atenção e adaptação por parte dos consumidores e comerciantes. O acompanhamento das novas modalidades de pagamento, como o Pix parcelado, será fundamental para entender como o cenário financeiro continuará a evoluir.